A produção das ciências sociais em livro constitui um marco na história do conhecimento sobre o Brasil. Por ocasião da comemoração dos duzentos anos da Independência brasileira, vale relembrar o empenho singular de estudiosos e pesquisadores na busca pelo conhecimento do País. Isso é o que discute artigo da nova edição da revista Ciência & Cultura: 200 anos de ciência e tecnologia no Brasil.
Sem a circulação em livro das pesquisas, realizadas pelos cientistas sociais, pouco saberíamos sobre o Brasil de ontem e de hoje. Segundo Glaucia Villas Bôas, professora aposentada do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o arranque dessa empreitada, que ocorreu de final dos anos de 1940 aos meados dos anos de 1960, resultou da implantação de disciplinas das ciências sociais nas faculdades de filosofia e da implementação da indústria do livro no País. Desde então, a produção do conhecimento científico e sistemático, na área das ciências sociais, se impôs e se mantêm, por maiores que sejam as adversidades à sua permanência e continuidade na atual conjuntura política.
De lá para cá, muita coisa mudou. A primeira característica que salta aos olhos é o interesse dos cientistas sociais pelos problemas nacionais em detrimento de questões mais gerais e abstratas. “A produção dos cientistas sociais em livro vem demonstrando uma vitalidade especial para retomar e criticar hipóteses e métodos que se tornaram inadequados, e precisam ser reelaborados ou mesmo deixados de lado em favor de instrumentos conceituais e teóricos atualizados e novas técnicas de pesquisa”, explica a pesquisadora, em artigo para a revista. Para Villas Bôas, hoje é possível perceber o notável aumento do número de mulheres que atuam na área, assim como o conhecimento da sociedade brasileira pelas disciplinas das ciências sociais, fornecendo uma base consistente para pensar as mudanças complexas que ocorrem hoje no Brasil. “As adversidades surgidas recentemente com a pandemia da covid-19 e com a política governamental de enfraquecimento das universidades e diminuição dos recursos para o financiamento da pesquisa só confirmaram o compromisso dos cientistas sociais com a produção científica.”
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