Em entrevista ao jornal A União, Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, aponta direções para o crescimento da ciência no País
Andar em uma montanha russa com altos e baixos é uma diversão para muitos. Mas quando as descidas e subidas representam em um gráfico a curva histórica de investimentos em ciência e tecnologia no Brasil a diversão acaba. Conforme levantamento apresentado pelo ex-ministro Sérgio Rezende, entre 1980 e 2002, o zigue-zague do valor executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, FNDCT, (corrigido para 2017) se dava entre menos de R$ 2 milhões e R$ 1 bilhão, um valor muito abaixo do ideal para o desenvolvimento científico, considerado por especialistas. O Ministério da Ciência e Tecnologia, criado em 1985, foi extinto e recriado três vezes em governos distintos, ao longo desses anos. Nos anos seguintes a 2002 a ciência brasileira avançou. De 2003 a 2010 os recursos vindos do FNDCT quintuplicaram, comparados a 2002.
Mas o trenzinho da montanha russa que sobe devagar despenca na descida. Em 2019 o novo governo iniciou cortando o orçamento do CNPq. A consequência era o corte das bolsas de fomento à pesquisa atingindo mais de 80 mil bolsas, se o orçamento não fosse recomposto. A Sociedade para o Progresso da Ciência, SBPC, entidade, que representa mais de 70 associações científicas, promoveu uma mobilização conduzindo mais de 900 mil assinaturas recolhidas para a Câmara Federal. Diante da aprovação de um suplemento pelos deputados, o Ministério da Economia teve que liberar o recurso para o pagamento das bolsas.
De lá para cá, muitas surpresas desagradáveis. Cavando uma queda vertiginosa, em 2021 o governo contingenciou 91% do FNDCT que teve uma receia de cerca de R$ 6 bilhões. Na tentativa de defender seu contingente, a SBPC efetivou intervenções a cada investida para o bloqueio de recursos que deveriam ser destinados para a Ciência e Tecnologia.
“Historicamente, a SBPC atua no Legislativo e Executivo em defesa da ciência, tecnologia e inovação, intermediando os interesses da comunidade científica e agindo em defesa do estabelecimento de orçamentos e regras adequadas à expansão deste importante setor”, informa o site da entidade.
Veja aqui a entrevista na íntegra: Jornal A União