Associações de Docentes lançam Observatório do Conhecimento

Projeto pretende ampliar o diálogo com o Congresso Nacional, fornecendo informações confiáveis sobre os trabalhos desenvolvidos nas universidades públicas

No combate à desinformação crescente sobre a atuação das universidades públicas brasileiras, dez associações docentes uniram-se para abrir um canal de diálogo direto com o parlamento. Batizada de Observatório do Conhecimento, a estratégia de ação política foi lançada na Câmara dos Deputados na última terça-feira, 16, e contou com a presença de políticos engajados na defesa da educação pública, de instituições públicas ligadas à pesquisa científica e entidades representativas da comunidade acadêmica.

O projeto não pretende apenas acompanhar a atuação parlamentar no campo do conhecimento, mas principalmente agir no esclarecimento dos políticos sobre o papel crucial das universidades para a sociedade e o desenvolvimento. “A nossa ideia é fazer uma forte parceria com o parlamento para discutir as questões que são inerentes às universidades públicas. Mostrar que o impacto positivo do trabalho das universidades não é só no desenvolvimento científico e econômico, mas também no desenvolvimento social do País”, explicou Edeson Siqueira, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (ADUFEPE).

“Estamos criando uma equipe especial para atuar no Congresso, esclarecendo os parlamentares e buscando informações para trazê-las à sociedade. Hoje há muita desinformação sobre o papel das universidades públicas e precisamos combater isso com informações confiáveis”, detalhou o presidente da Associação de Docentes da Universidade Estadual de Campinas (ADunicamp), Wagner Mourão, também presente na mesa de lançamento do Observatório. Além da ADunicamp e da ADUFEPE, mais oito associações docentes compõem a estrutura inicial do Observatório do Conhecimento: Associação do Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (AdUFRJ), Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB Sindical), Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo (Adunifesp), Associação dos Docentes da Universidade Federal do ABC (ADUFABC), Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará (ADUFC), Associação dos Professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ADURN) e o Sindicato das Universidade Federal de Santa Catarina (APUFSC).

Dados preocupantes sobre a situação financeira das universidades públicas foram apresentados aos presentes no evento. “Atualmente, nós estamos em uma situação periclitante. Desde 2015, os institutos públicos tiveram uma perda de recursos que chega a R$ 38 bilhões”, alertou Maria Lúcia Werneck, presidente da AdUFRJ. Para Werneck, a união das entidades defensoras da educação na construção de uma agenda pública e política é fundamental para que as universidades consigam se reerguer.

A conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Laila Salmen Espíndola, esteve presente no lançamento e também frisou os graves riscos à educação pública com os sucessivos cortes de recursos promovidos pelo governo federal, em especial após o estabelecimento do teto de gastos em 2017. Na visão de Espindola, o País está em risco caso a política de desinvestimento na educação continue. “Sem incentivar, sem despertar interesse investigativo nesses meninos e nessas meninas do Brasil, nós não teremos futuro. O País vai parar”, lamentou a professora.

Vinte deputados estiveram presentes no lançamento e prometeram engajamento na defesa do ensino público brasileiro. Uma primeira atividade deve reunir em breve o Observatório do Conhecimento e a bancada defensora das universidades: o lançamento da Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais, agendado para o dia 24 de abril, às 8h30, no Café do Salão Verde da Câmara dos Deputados.

Mariana Mazza – Especial para o Jornal da Ciência

 

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TV Câmara – Lançamento do Observatório do Conhecimento