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Diretora de inovação da CNI defende agilidade nas políticas de inovação

É preciso acelerar agenda de inovação do País para retomada do avanço da indústria. A opinião é da diretora de inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, em palestra realizada nesta terça-feira, 05, na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realiza, nesta semana, na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro (BA).

Na 68ª Reunião Anual da
SBPC, especialista diz que CNI
fechou parceria com o
Global Innovation Index (GII), para melhorar o diagnóstico da
inovação produzida internamente

É preciso acelerar
agenda de inovação do País para retomada do avanço da indústria. A opinião é da
diretora de inovação da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), Gianna Sagazio, em palestra realizada nesta terça-feira, 05,
na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
que se realiza, nesta semana, na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB),
em Porto Seguro (BA).

Conforme a especialista, a inovação é o motor da competitividade do
desenvolvimento economico. “O momento é de priorização da agenda de inovação
para retomada do desenvolvimento da indústria”, disse ela que discorreu sobre o
tema “A pesquisa na indústria brasileira”, da sessão SBPC Inovação.

Alguns dos pontos que constam da agenda de inovação defendida pela CNI é a
regulamentação do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, sancionado em
janeiro deste ano, que, entre outros benefícios, estimula mais a relação entre
a pesquisa da universidade e empresa. A CNI, igualmente a SBPC, e outras
insituições científicas e empresasariais, defendem a derrubada dos oito vetos.

A presidente da SBPC, Helena Nader, que acompanhou a palestra do lado da
plateia, sugeriu a criação de uma Medida Provisória pelo Poder Executivo, a fim
de acelerar a derrubada dos vetos, e sugeriu que a proposta fosse levada ao
presidente interino, Michel Temer, que deve se reunir na sexta-feira, 08, com
esse setor da indústria pela primeira vez, desde que assumiu o Palácio do Planalto. 

No Congresso Nacional foram criados projetos de lei para recuperar o texto
original da legislação e poder derrubar os vetos ao Marco Legal de CT&I,
mas o trâmite desse processo é lento em relação à MP. 

Acordo com Global Innovation Index (GII)

Na palestra, a diretora de inovação da CNI afirmou que a instituição fechou parceria com o
Global Innovation Index (GII), com o intuito de
melhorar o

diagnóstico da inovação produzida internamente. Pelo acordo,
a CNI terá informações com antecedência e poderá “melhorar a análise” da situação brasileira, além de propor
políticas e estratégias para aumentar a capacidade de inovação no País. O
indexador anual é
publicado
pela Universidade de Cornell, o INSEAD e a Organização Mundial da Propriedade
Intelectual (WIPO, agência da Organização das Nações Unidas).

A participação brasileira no indexador está prevista para 2017 e 2018. Por
enquanto, não há informação de que o acordo seria renovado para os anos
seguintes. Em 2015, o Brasil figurou na 70ª posição do ranking global e caiu nove
posições em relação ao resultado de 2014 (61ª), entre 143 países avaliados.

A diretora de inovação da CNI discorreu sobre os gargalos que emperram a
inovação no Brasil, principalmente regulatórios, e disse que a posição
brasileira no rankig “é incompatível” com o tamanho da economia brasileira,
hoje a 9ª  no mundo.

A presidente da SBPC, Helena Nader, concordou com o atraso da inovação no
País e disse que o resultado brasileiro no ranking de inovação em 2015 não é
pior graças aos esforços da academia, mesmo diante de dificuldades financeiras.

A diretora de inovação da CNI reconhece que a indústria precisa fazer o
dever de casa e investir mais em inovação. Acrescentou, porém, que é necessário
criar políticas eficazes para alavancar os investimentos em P&D. “Será que
as políticas que estão aí estão funcionando de fato?”, questionou e emendou:
“Temos de trabalhar os dois eixos.”

Impacto da crise
econômica na área de P&D

A diretora de inovação da CNI acredita que a recessão econômica deve
interferir no ranking de inovação nos próximos anos. “Vivemos uma crise
econômica e algumas empresas estão precisando demitir, as universidades estão
formando menos doutores e menos mestres. Então os dados podem melhorar ou
piorar”, avaliou.

De acordo com dados apresentados por Gianna Sagazio, em 2015 a área de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) industrial demitiu 349 pesquisadores, 13.392
mil engenheiros e 807 especialistas da área de gestão em P&D. Para ela, a
crise economica “é desvastadora” para a área de P&D e que, se mantida essa
tendência, dificilmente esses postos de trabalho serão retomados nesta
década.  

Agenda de inovação

Além do avanço do Marco Legal da CT&I, outros itens constam da agenda
de inovação defendida pela CNI – na
Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), que reúne 150 lideranças empresariais, de companhias como Klabin,
Natura, Embraer e Google. Um deles é a melhoria do ambiente de negócios,
sobretudo no que se refere à segurança jurídica, na tentativa de atrair capital
privado internamente. 

A diretora de inovação da CNI lembrou que, no ano passado, os estímulos
fiscais da Lei do Bem, concedidos aos investimentos em inovação, foram
ameaçados em razão da política de ajuste fiscal, correndo o risco de seguir na
contramão da tendência mundial. Conforme analisa Sagazio, no ambiente
desfavorávels aos negócios as empresas preferem investir no exterior do que no
Brasil. 

Outro item que consta da agenda de inovação da CNI é o desenvolvimento de
um observatório de inovação, com indicadores, até o fim deste ano. A
instituição defende ainda a formulação de uma política de propriedade
intelectual, até então inexistente no País. “Isso é urgente. Não podemos
esperar dez anos para se aprovar uma patente no Brasil”, complementou.

Financiamento à CT&I
deve ser prioridade

A diretora de inovação da CNI falou, ainda, sobre a necessidade de
reestruturar o modelo de financiamento à 
ciência, tecnologia e inovação do País. “Reconhecemos a crise econômica
pela qual passa o Brasil, mas a CT&I tem de ser prioridade; inovação é
investimento de longo prazo”.

Ainda de acordo com Gianna Sagazio, a política de inovação do Brasil
deveria ser ligada diretamente ao gabinete da Presidência da República, como um
braço estratégico do governo. A exemplo dos Estados Unidos (EUA), onde o
presidente Barack Obama formulou a política de inovação para assegurar
competitividade interna e a manutenção do desenvolvimento da economia
norteamericana.

Viviane Monteiro/ Jornal
da Ciência