Apesar da queda da produção, o Sul da Bahia ainda responde por 70% da produção nacional, ante 90% na década de 1980 e vem equilibrando a produção e o consumo interno que gira em torno de 250 mil toneladas ao ano, sobretudo para produção de chocolate. A região recebe de 3 a 9 a julho a 68ª Reunião Anual da SBPC
A recuperação da produção de cacau do Sul da Bahia continua sendo um desafio, principalmente nos municípios de Ilhéus, Porto Seguro, Itabuna, e Gandu. Sob a influência da cultura do Sul da Bahia, o Brasil na década de 1970 era o segundo maior produtor de cacau do mundo – mas hoje é o 5º, em decorrência da praga vassoura de bruxa, que trouxe impactos socioeconômico e ambiental negativos para região, com altos índices de desemprego entre as famílias que trabalhavam nas indústrias.
A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) trabalha para recuperar a região dizimada pelo fungo a partir da década de 1990. A produção, que chegou a 400 mil toneladas nos anos de 1980, caiu para 96 mil toneladas no fim da década de 1990. A vassoura de bruxa é causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, que penetra nos frutos e provoca perdas significativas nas plantações.
Com a ajuda científica, a produção de cacau na Bahia passou a se recuperar, mas ainda longe de sua plenitude. Por volta de 2015, atingiu 143,7 mil toneladas e chegou em torno de 181,4 mil toneladas entre 2014 e 2015, segundo dados do pesquisador da Ceplac, José Basilio Vieira Leite, especializado em produção vegetal.
Apesar da queda da produção, o Sul da Bahia ainda responde por 70% da produção nacional, ante 90% na década de 1980 e vem equilibrando a produção e o consumo interno que gira em torno de 250 mil toneladas ao ano, sobretudo para produção de chocolate. Estima-se que o agronegócio do cacau movimenta R$ 14 bilhões por ano no Brasil, de acordo com o sindicato do setor.
Atuação da ciência
O centro de pesquisas do cacau da Cepal, situado em Ilhéus, conta com 16 laboratórios e 10 estações experimentais que dão suporte às pesquisas, segundo dados do pesquisador da Comissão, José Basilio Vieira Leite, especializado em produção vegetal. Os laboratórios atuam em 23 áreas.
O especialista lamenta, porém, o enfraquecimento da instituição, uma vez que “o nosso” quadro de pessoal não vem sendo reposto para atender “as nossas necessidades”, ainda que existam outras parcerias com o setor privado e instituições públicas de pesquisa. Ele também reclama da burocracia para fechar convênios com o setor privado.
Uma das áreas de atuação para recuperação da atividade cacaueira é a biologia molecular e a seleção genômica, processo pelo qual são introduzidos genes de resistência de cacaueiro em plantas altamente produtivas da espécie Theobroma cacau L. Outro ramo da pesquisa explorado é o melhoramento genético, que vem desenvolvendo variedades de cacaueiro com maior durabilidade e nível de resistência à vassoura de bruxa e outras doenças.
A região recebe, de 3 a 9 de julho, a 68ª edição da Reunião Anual (RA) da SBPC, o maior evento de divulgação científica da América Latina. Com uma programação intensa de atividades como conferências, mesas-redondas, minicursos, encontros, sessões de pôsteres, atividades culturais e uma grande exposição científica, a Reunião tem como objetivo levar aos participantes e toda a comunidade local um panorama da ciência desenvolvida hoje no Brasil. Neste ano, o evento tem como tema “Sustentabilidade, Tecnologias e Integração Social” e será realizado no campus de Porto Seguro da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Viviane Monteiro – – Jornal da Ciência Impresso – edição junho/2016