Berta Ribeiro e as trilhas dos artefatos

Antropóloga se destacou por sua militância política e ecológica, sua extensa pesquisa de campo com povos indígenas e suas contribuições à preservação da cultura material em museus etnográficos. Confira na edição especial da Ciência & Cultura

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Berta Gleizer Ribeiro, uma das mais notáveis antropólogas do Brasil, é lembrada por sua generosidade e militância incansável em diversas frentes, especialmente na defesa dos povos indígenas. Nascida em 1924, na Romênia, Berta e sua família fugiram da perseguição antissemita, estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Foi ao lado de Darcy Ribeiro, seu marido entre 1948 e 1974, que iniciou uma longa trajetória de pesquisa entre comunidades indígenas, passando por grupos como Kaingang, Kadiweu, Terena, Ka’apor, Yawalapiti e muitos outros. Isso é o que discute artigo da edição especial da Ciência & Cultura, que celebra o centenário de Berta Gleizer Ribeiro.

Berta dedicou-se profundamente ao estudo da cultura material indígena, explorando as artes, as técnicas e a tecnologia dos povos amazônicos. Sua obra “Arte plumária dos índios Ka’apor” e o volume “Arte Índia” são marcos do diálogo entre arte e sociedade indígena. Para ela, a arte indígena era uma linguagem visual repleta de significados sociais e mitológicos, expressando identidade e comunicação. “Berta Ribeiro acreditava que esses estudos permitiam apoiar a causa indígena porque encarava os museus enquanto um meio de educação pública”, afirma Lucia Hussak van Velthem, pesquisadora titular aposentada do Museu Paraense Emílio Goeldi – MCTI.

Ao longo de sua vida, Berta construiu um legado precioso, com coleções etnográficas que hoje enriquecem museus brasileiros e europeus. Sua abordagem inovadora e sensível à cultura indígena continua a influenciar estudos contemporâneos, mantendo-se como uma referência essencial na antropologia e na museologia. Em 2024, no centenário de seu nascimento, seu legado segue vivo, proporcionando novas reflexões e inspirando gerações de pesquisadores e defensores dos direitos indígenas. “Berta Ribeiro enfatizou o papel político das coleções etnográficas e dos próprios museus para os povos indígenas no estabelecimento de encontros com suas memórias específicas, na (re)contextualização e na apropriação de referências para seu uso”, pontua Lucia van Velthem.

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