Berta Ribeiro, mestra por inteiro

Artigo de edição especial da Ciência e Cultura aborda como pesquisadora moldou um pensamento inovador sobre arte indígena no Brasil, inspirando gerações de estudantes e colegas com uma abordagem interdisciplinar

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Em um tocante tributo à antropóloga Berta Gleizer Ribeiro, o pesquisador Francisco Oiticica compartilha reflexões sobre sua trajetória acadêmica ao lado da renomada intelectual, que em 2024 completaria 100 anos. Em um artigo repleto de memórias e aprendizados, que faz parte da edição especial da Ciência & Cultura, que celebra o centenário de Berta Gleizer Ribeiro, o pesquisador destaca a influência da antropóloga no campo interdisciplinar que ajudou a moldar nos anos 1980, especialmente na interface entre antropologia, história e artes visuais.

Berta Ribeiro, reconhecida por sua expertise em culturas indígenas, foi um farol para Francisco Oiticica. Ele recorda as jornadas com ela ao Mestrado de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o privilégio de ouvir seus ensinamentos, sempre pontuados por uma serena sabedoria. A orientação de Berta o levou a explorar o vasto universo da cultura material indígena, desbravando novos territórios e questionando os paradigmas da arte ocidental. “Foi o aprendizado com Berta Ribeiro que me equipou para pensar a complexidade e indisciplina do objeto de pesquisa em Ciências Humanas e me forneceu a confiança para transitar entre áreas afins”, conta Francisco Oiticica Filho, que também possui doutorado em Literatura, Cultura e Sociedade (PPGLL-UFAL).

Mais do que uma mentora, Berta Ribeiro foi uma guia em sua jornada intelectual, abrindo-lhe os olhos para um Brasil diverso e pouco explorado. Sua abordagem pioneira, que desconstruía a visão eurocêntrica da arte e da antropologia, desafiava as normas acadêmicas ao integrar arte e vida cotidiana dos povos indígenas. “Sobre o plano da antropologia, Berta Ribeiro abriu caminhos que os diferiam dos modelos teóricos importados, fora da realidade na qual ela tanto se embrenhou em trabalho de campo, a dos povos originários tomados em relação às soluções dadas à necessidade de sobrevivência no manejo dos recursos naturais e na interação com o meio”, diz.

Francisco Oiticica, que atualmente é artista visual, pesquisador, escritor e curador independente, reconhece que foi essa visão ampla e indisciplinada de Berta que o preparou para enfrentar as complexidades das ciências humanas e para transcender as barreiras entre disciplinas. O artigo reflete sobre como Berta, ao escolher ser lembrada como Desana, escapou dos enquadramentos de sua identidade judaica, propondo uma ligação mais profunda com os povos indígenas que estudou e respeitou.

Leia o artigo completo:

https://revistacienciaecultura.org.br/?p=7271

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