Biomas brasileiros e as mudanças climáticas

Artigo da nova edição da Ciência & Cultura aponta que políticas de adaptação ao novo clima, consequentes e baseadas em ciência, são necessárias e urgentes

biomasAs mudanças climáticas emergem como uma ameaça iminente para a sociedade brasileira e o planeta como um todo, impactando significativamente os ecossistemas nacionais. As atividades econômicas, notadamente a produção de combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas tropicais, são os principais culpados pela emissão anual de 62 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Essas emissões, em constante crescimento nas últimas décadas, contribuem para o aumento da retenção de energia na atmosfera, elevando a temperatura global. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Biomas do Brasil”.

O Brasil já enfrenta uma elevação média de temperatura de 1.2oC nos últimos 100 anos, sendo algumas regiões, como o vale do Rio São Francisco e a região Leste da Amazônia, particularmente afetadas, com aquecimento em cerca de 2.3oC. Alterações no regime de chuvas também se manifestam, com reduções significativas, como 20% no Nordeste e 15% na região Leste da Amazônia. Eventos climáticos extremos, como chuvas intensas e secas prolongadas, tornam-se mais frequentes, evidenciando os impactos tangíveis das mudanças climáticas. “Uma das faces mais visíveis das mudanças climáticas é o aumento da frequência e da intensidade dos chamados eventos climáticos extremos, como chuvas muito fortes, ondas de calor e secas prolongadas”, aponta Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da Universidade de São Paulo (CEAS-USP) e vice-presidente da SBPC.

A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento são os principais responsáveis pelas emissões, representando 80% e 20%, respectivamente, das emissões globais. Se as emissões atuais persistirem, a temperatura média do planeta pode aumentar em cerca de 3oC até o final do século. A transição para fontes de energia sustentáveis é uma oportunidade para o Brasil, que possui um vasto potencial em energias renováveis. No entanto, as vulnerabilidades, como a dependência do agronegócio e a sensibilidade ao clima, requerem abordagens cuidadosas. A ciência desempenha um papel crucial na formulação de políticas públicas, orientando o país na consecução de suas metas internacionais, especialmente as estabelecidas pelo Acordo de Paris.

Os desafios impostos pelas mudanças climáticas exigem ação imediata e coordenada. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) prevê aumentos de temperatura entre 2.8 e 4.3oC, dependendo das emissões futuras. Adaptação e mitigação são cruciais, considerando especialmente as alterações na precipitação, que afetam ecossistemas essenciais para o funcionamento do país. A adaptação climática é vital, ponderando que os impactos das mudanças climáticas são irreversíveis a curto prazo. “No contexto das mudanças climáticas, esforços de adaptação podem gerar vários benefícios adicionais, como melhoria da produtividade agrícola, inovação, saúde e bem-estar, segurança alimentar, conservação da biodiversidade, bem como redução de riscos e danos”, afirma Paulo Artaxo.

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