O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou em sua conta do Twitter o astronauta Marcos Pontes como futuro ministro da Ciência e Tecnologia.
“Comunico que o Tenente-Coronel e Astronauta Marcos Pontes, engenheiro formado no ITA, será indicado para o Ministério da Ciência e Tecnologia. É o quarto Ministro confirmado!”, escreveu.
A decisão ocorre um dia após a primeira reunião de Bolsonaro com seu núcleo duro, no Rio, para discutir formação de governo.
Pelo desenho feito na conversa, a pasta deve ganhar nova formatação: Comunicação, hoje atrelada a Ciência e Tecnologia, deve ser separada e unida a Transportes e Infraestrutura.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), informou ontem que divulgará os nomes de seus ministros por meio das redes sociais. Segundo ele, estarão excluídos os condenados por corrupção.
“Nossos ministérios não serão compostos por condenados por corrupção, como foram nos últimos governos. Anunciarei os nomes oficialmente em minhas redes. Qualquer informação além é mera especulação maldosa e sem credibilidade”, escreveu.
Ficaria ainda sob os cuidados de Pontes parte do que hoje está com o MEC (Ministério da Educação), como ensino superior.
Desde a fusão do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) com o Ministério de Comunicações em 2016, boa parte da comunidade acadêmica pedia pela separação. A proposta ganhou força não só pela simbologia mas também por conta do corte de verbas federais para o financiamento de projetos, que desde 2013 caiu quase pela metade
Marcos Pontes, que se tornou o primeiro astronauta brasileiro no governo do ex-presidente Lula, chegou a ser cotado a vice de Bolsonaro. Ele é o segundo militar escolhido para compor os ministérios do presidente eleito. O primeiro deles foi o general Augusto Heleno, para a Defesa.
Nesta quarta, durante palestra a jovens em Manaus, ele agradeceu a confirmação dele à frente do ministério e afirmou que, a exemplo do juramento feito na Academia da Força Aérea, combaterá “inimigos internos e externos com o mesmo sacrifício de vida”.
Chamado ao palco pelo mestre de cerimônias como “um dos ministros mais importantes do governo Bolsonaro”, Pontes disse estar vivendo um “momento muito, muito especial” e pediu à plateia que comemorasse com ele a confirmação de seu nome para o ministério.
Em seguida, o militar da reserva agradeceu Bolsonaro “pela confiança depositada” e concluiu: “Estou a serviço do país”, disse. “A confiança é mútua -ninguém faz nada sozinho. Agora é juntar e unir os brasileiros em prol dessa bandeira.”
Pontes enalteceu o ministério, afirmou que a tecnologia “é importante em todas as áreas” e prometeu trazer o assunto “mais próximo do dia a dia”. “Agora vocês têm um parceiro que vai defender isso e que vai servir a comunidade. Líder não comanda, líder ajuda a servir”, disse.
Em resposta a questionamentos da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e da ABC (Academia Brasileira de Ciências), Bolsonaro disse na semana passada que Pontes seria seu provável ministro e que a escolha foi feita por meritocracia, e não por “toma lá dá cá”.
Segundo a carta, o astronauta pediu que o governo fosse agressivo na estratégia de investimento na área e disse que países desenvolvidos investem até 3% do PIB em ciência, tecnologia e inovação (CTI) -hoje, o Brasil investe cerca de 1%. A meta de Bolsonaro é chegar ao final do mandato com o novo patamar.
Para o então candidato à Presidência, era preciso “garantir que os resultados práticos da tecnologia cheguem à população e no setor econômico, justificando os gastos públicos perante ao povo (dono do dinheiro), e motivando o investimento privado.” Segundo o documento, devem ser fomentadas parcerias com outros ministérios, de combate à seca, de desenvolvimento de equipamentos de saúde para uso em áreas remotas e de saneamento.
O plano de governo divulgado por Bolsonaro não trazia detalhes das propostas para a ciência. Ele afirmava em seu programa que o modelo atual de pesquisa e desenvolvimento no Brasil está “totalmente esgotado”, e que a área não pode só depender de recursos públicos. Ele aposta no empreendedorismo como solução.
O texto afirma ainda que não há mais espaço para que a área seja “comandada de Brasília e dependente exclusivamente de recursos públicos” e enaltece empreendedorismo e o desenvolvimento científico em parceria com empresas.
Com relação às universidades públicas, o presidente eleito defendeu durante a campanha que fossem criados meios legais e projetos para que os egressos possam colaborar com as instituições e com a sociedade. “Cada aluno ali formado tem um compromisso com o suor de milhões de brasileiros que pagaram impostos.”