Presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, tem conversado com todos os ex-presidentes e entidades de classe para montar o que chama de “barricada” em defesa da democracia. Para ele, o presidente Jair Bolsonaro aparelha o Estado com pessoas de perfil ideológico similar ao seu, gera crises constantemente e testa os limites democráticos.
Ainda assim, para Santa Cruz, é preciso cautela com movimentos que já pedem impeachment de Bolsonaro. O dirigente contou, porém, que está se reunindo com todos os ex-presidentes brasileiros para fazer uma “barricada” em defesa da democracia.
Bolsonaro e Santa Cruz têm um histórico longo de desavenças. No ano passado, o presidente disse que poderia “contar a verdade” sobre como o pai de Felipe Santa Cruz, Fernando Santa Cruz, desapareceu na ditadura militar. Militante do grupo “Ação Popular”, Fernando foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto.
O sr. tem se encontrado com todos os ex-presidentes. Qual sua intenção?
Tenho absoluta convicção, por tudo que aconteceu nos últimos meses, que há setores da política brasileira que querem causar um estresse permanente às instituições democráticas. Não é por acaso que os jornais, advogados e artistas foram atacados. É uma espécie de manual do autoritarismo. Há uma agenda de setores da ultradireita voltada para as forças de segurança e a indisciplina nas Polícias Militares. Há uma tentativa clara de cooptação de setores das Forças Armadas. Vemos com muita preocupação esse estresse institucional, do qual o presidente da República é uma espécie de artífice e seu grupo mais próximo é uma militância intransigente desse processo. Por conta disso, nos reaproximamos de entidades que historicamente são nossas aliadas na defesa da democracia: CNBB, ABI, Comissão Arns, Andifes, SBPC, para criar uma barricada vigorosa na defesa da democracia. Por isso fomos falar com todos os ex-presidentes, independente de sua bandeira ideológica. É inegável que desde a redemocratização, do final do governo Figueiredo, o Brasil vem avançando em termos de liberdade, como nunca na sua história. E esses presidentes, com o maior e menor impacto, foram responsáveis por essa normalização da vida brasileira.
Veja o texto na íntegra: O Estado de S. Paulo