Carolina Bori: voz que ecoa na Psicologia e inspira mulheres cientistas

Pesquisadora defendia a necessidade de integrar a comunidade acadêmica para a criação de um país moderno. Confira em reportagem da nova edição da Ciência & Cultura

WhatsApp Image 2024-07-31 at 09.11.56Ao longo de quase 60 anos de carreira, Carolina Bori dedicou sua vida à ciência e à educação no Brasil. Mesmo após seu falecimento em 2004, aos 80 anos, seu nome e legado continuam vivos, ecoando nas vozes de acadêmicos, nas palavras de mulheres inspiradas por suas conquistas, nas leis que ajudou a criar e nas medidas que defendeu em prol da difusão científica. Isso é o que discute reportagem da nova edição da Ciência & Cultura. O número especial celebra o centenário de Carolina Bori, que foi a primeira presidente mulher da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

O primeiro amor de Carolina Bori foi a Pedagogia. Nos anos 1940, ingressou na Universidade de São Paulo (USP) e logo se aproximou do ambiente acadêmico. Durante a graduação, descobriu a Psicologia, então uma disciplina isolada e vinculada à Filosofia. Encantada pelo potencial científico da Psicologia, especializou-se na área e, em seu último ano de formação, recebeu um convite da professora Annita Cabral para atuar como assistente na cadeira de Psicologia da USP.

Com Annita Cabral, Carolina teve papel crucial na criação do curso de Psicologia da USP e na consolidação da profissão de psicólogo no Brasil. Carolina organizava comissões de professores, profissionais e estudantes para obter apoio político para a regulamentação da formação em Psicologia. Seu esforço culminou na lei nacional 4.119/62, que regulamenta a profissão no país. Única mulher entre os primeiros membros do conselho da categoria e pioneira da Análise Comportamental no Brasil, Carolina foi a primeira pessoa registrada como psicóloga no país. “Engajada na construção da história do país, ela ofereceu oportunidades enriquecedoras de vir a contribuir para e nesta construção”, pontua Eda de Oliveira Tassara, que conviveu por 25 anos com Bori e hoje é professora do Instituto de Psicologia da USP.

Carolina Bori ajudou a implantar cursos de Psicologia na Universidade Estadual Paulista de Rio Claro (Unesp), na Universidade de Brasília (UnB) e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Orientou mais de 100 teses e dissertações e foi fundadora e presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia. Seu comprometimento com a ciência, além de uma abordagem específica, a levou a apoiar qualquer pesquisa psicológica de qualidade científica, entendendo que a análise do comportamento não tinha o monopólio da cientificidade.

Em 1969, Carolina Bori passou a integrar o conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Seu empenho foi notável desde o início, culminando na presidência da sociedade em 1987. Carolina foi essencial para abrir espaços para mulheres na ciência. Como primeira mulher a presidir a SBPC, pavimentou o caminho para que outras notáveis cientistas, como Glaci Zancan e Helena Nader, assumissem a liderança. “Ela trabalhou incansavelmente para a SBPC ser protagonista na construção da atual Constituição Federal, promulgada em 1988”, afirma Vanderlan Bolzani, professora do Instituto de Química da Unesp e membro do Conselho da SBPC. Assim, o legado de Carolina Bori, refletido na vasta quantidade de pessoas, projetos e iniciativas que influenciou, é uma parte fundamental da história da ciência e da democracia no Brasil.

Leia a reportagem completa:

https://revistacienciaecultura.org.br/?p=6744

Ciência & Cultura