Carta ao Brasil contra a destruição de nosso futuro

Em documento divulgado nesta segunda-feira, 12 de setembro, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) denuncia as drásticas consequências da MP 1136, novo ataque do Governo Federal contra o desenvolvimento científico no País. “Imobiliza e atrasa o Brasil”, afirma a entidade

Leia a carta na íntegra:

CARTA AO BRASIL CONTRA A DESTRUIÇÃO DE NOSSO FUTURO

Às vésperas do envio da proposta orçamentária para 2023 ao Congresso Nacional, o Governo Federal decidiu atacar mais uma vez a ciência brasileira, desta vez comprometendo inclusive o futuro das pesquisas nacionais. Atendendo a interesses inconfessáveis, o presidente Jair Bolsonaro editou a Medida Provisória n° 1.136, de 2022, congelando a liberação de mais de R$ 3,5 bilhões dos recursos aprovados para 2022 do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT e impedindo o acesso a mais de R$ 14 bilhões até 2027.

O obscurantismo revelado pela MP 1.136/2022 paralisa a ciência. Sob o manto da MP, a proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2023 já promove corte de 42% no FNDCT, gerando a perda de 4 bilhões no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI. Decisões como esta confirmam a postura de ataque do atual Governo contra a ciência. Governo este que não deixou o Brasil desenvolver as vacinas que os anos de covid ensinaram ser imperativo possuir e ser capaz de produzir.

Quase setecentos mil brasileiros já morreram devido à pandemia! Quantos mais irão morrer por omissão – e tesouradas – do Governo nos investimentos em ciência? Quanto vamos atrasar nossa economia por conta desse descaso pela ciência e tecnologia, reconhecidos motores do avanço na produção de riquezas?

O custo necessário para termos soberania com laboratórios e competências em vacinas é de R$ 500 milhões. A Medida Provisória 1.136/2022, que corta o dinheiro da ciência, é como a cloroquina: imobiliza e atrasa o Brasil.

No ano passado, exportamos 86,63 milhões de toneladas de soja, gerando mais de R$ 217 milhões. A produtividade neste setor foi multiplicada por 6 nos últimos 20 anos graças à pesquisa científica. Foi a notável cientista Johanna Döbereiner, da Embrapa, quem desenvolveu a tecnologia utilizada para a fixação de nitrogênio nas plantações, fazendo com que o Brasil tenha o menor custo de produção de soja do mundo.

Denunciamos a agressão às instituições cientificas nacionais e o sequestro dos recursos do orçamento de C&T, inclusive a verba que já tinha sido aprovada pelo Congresso para investimento em 2022.

O bom senso e a história condenarão o atual Governo por mais esse rude golpe no futuro do Brasil!

São Paulo, 12 de setembro de 2022

Diretoria

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

 

 

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SBPC