No centenário de Berta Gleizer Ribeiro, celebramos o legado de uma das mais importantes antropólogas do Brasil. Sua trajetória, marcada por um profundo respeito pelas culturas indígenas, consolidou-se como referência na preservação e valorização dessas tradições. Durante décadas, ela se dedicou a documentar os modos de vida e as práticas culturais de povos da Amazônia. Isso é o que destaca o vídeo especial da edição da Ciência & Cultura que celebra o centenário de Berta Gleizer Ribeiro.
“Falar de Berta Ribeiro em seu centenário é muito importante porque sua obra atravessa parte do século XX, mas ainda traz contribuições para discussões muito atuais”, pontua Bianca França, colaboradora do EtnoMuseu – Laboratório ligado ao Setor de Etnologia e Etnografia e ao Departamento de Antropologia do Museu Nacional, e diretora e produtora do documentário “Para Berta, com amor”.
Sua abordagem imersiva e cuidadosa na década de 1970, ao explorar o Xingu e outras regiões, resultou em registros fundamentais para a antropologia brasileira, com destaque para seu livro “Diários do Xingu”, de 1979. Nele, Berta revela detalhes dos rituais e das complexas dinâmicas sociais das populações indígenas. Suas contribuições transcenderam a pesquisa acadêmica, ajudando a preservar as culturas indígenas e a inspirar futuras gerações de estudiosos. “Ela considerava todo mundo, homem, mulher, criança, adolescente. Ela conversava com todas as pessoas da aldeia”, relembra José Lana, indígena do povo Desana e um dos colaboradores de Berta Ribeiro em seus estudos sobre os Desana na década de 1980.
Hoje, sua obra permanece um ponto de referência essencial para compreender as práticas culturais e sociais dos povos originários do Brasil, reforçando a importância da diversidade cultural e do respeito às tradições indígenas. O legado de Berta Gleizer Ribeiro continua vivo e relevante, 100 anos após o seu nascimento. “Ela sempre se envolveu diretamente com as questões políticas, nunca recusou prestar depoimentos, escrever textos, fazer conferências sobre temas que tivessem implicação benéfica para os próprios indígenas e nesse sentido ela configurou a ideia de um intelectual público, de uma pessoa que pode trazer referências importantes não só no mundo científico, mas também para causas humanitárias importantes na própria sociedade”, explica João Pacheco de Oliveira, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e curado das coleções etnográficas do Museu Nacional.
Assista ao vídeo completo:
Ciência & Cultura