Prêmio Péter Murányi é entregue em São Paulo

Depois de anos de investigação científica, os pesquisadores Paula Salles Moura Fernandes e Ricardo Tostes Gazzinelli, da UFMG, chegaram a uma vacina recombinante contra a leishmaniose visceral, o que lhes renderam o prêmio Péter Murányi 2014. Ao dar uma rápida explicação sobre a vacina, Ana Paula disse que ao longo de vários anos identificaram e testaram diferentes antígenos de Leishmania, de forma comparativa até encontrar o antígeno A2. A dupla usou tecnologias modernas de engenharia genética que permitiram isolar (do genoma de Leishmania) a região que codifica o antígeno A2 e inseri-la no genoma de uma bactéria não patogênica (inócua), que se multiplica muito rapidamente, permitindo a produção de grandes quantidades do mesmo, de forma segura e em escala industrial.
Depois de anos de investigação científica, os pesquisadores Paula Salles Moura Fernandes e Ricardo Tostes Gazzinelli, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chegaram a uma vacina recombinante contra a leishmaniose visceral, o que lhes renderam o prêmio Péter Murányi 2014, concedido pela Fundação Péter Murányi desde 2002. O trabalho concorreu com outros 134 inscritos e foi premiado com R$ 200 mil.

Ao dar uma rápida explicação sobre a vacina, Ana Paula disse que ao longo de vários anos identificaram e testaram diferentes antígenos de Leishmania, de forma comparativa até encontrar o antígeno A2. A dupla usou tecnologias modernas de engenharia genética que permitiram isolar (do genoma de Leishmania) a região que codifica o antígeno A2 e inseri-la no genoma de uma bactéria não patogênica (inócua), que se multiplica muito rapidamente, permitindo a produção de grandes quantidades do mesmo, de forma segura e em escala industrial. 
Emocionada com a premiação, Ana Paula ressaltou que para chegar à vacina o ambiente na universidade foi fundamental. “Todos os pesquisadores da UFMG sempre estiveram empenhados em buscar alternativas para tratar a questão da leishmaniose e isso de certa forma me contagiou”, disse. E completa, “no dia a dia a gente visa a formação dos estudantes, e contribuir de alguma forma no resultado de uma vacina para a doença, sem esperar um reconhecimento ou um prêmio como este. Quando a gente consegue o resultado já nos sentimos realizados. Uma vez premiados, a felicidade é enorme, ainda mais sabendo que concorremos com pesquisadores do mais alto nível, pessoas comprometidas”.
A entrega do prêmio, que ocorreu ontem à noite (10/04) em cerimônia realizada no Espaço Rosa Rosarum, em Pinheiros (SP), contou com a presença de pesquisadores, representantes de governo e entidades científicas, entre eles, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, o reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Carlos Américo Pacheco, e o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina.
Durante seu discurso, o ministro Campolina parabenizou a iniciativa da Fundação. “Este prêmio é um exemplo que dever ser seguido e ampliado em prol de construção de pontes de entendimento conjunto entre a sociedade científica e a empresarial, para que tenhamos uma sociedade mais rica e humana”, disse.
 
Menção honrosa
Os outros dois finalistas do prêmio, Fernando de Queiroz Cunha, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP), com o trabalho “Mecanismos envolvidos na imunodisfunção observada na sepse experimental e clínica” e Ricardo Mario Arida, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com o trabalho “Achados clínicos e experimentais do exercício físico como terapia complementar na epilepsia”, também estiveram presentes no evento e receberam diploma de menção honrosa.
Cunha, da FMRP/USP,  disse que estar muito contente por estar entre os três finalistas do prêmio. “Só chegar até aqui já é uma felicidade enorme porque é um reconhecimento pelo nosso trabalho.”, disse.  Ele explicou que sua pesquisa começou para responder a questão “por que o organismo do paciente que tem sepse pára de combater aquela infecção”. Ele explicou ainda que a sepse é a maior causa de morte nas UTIs do mundo. Cerca de 30% dos pacientes morrem e nos últimos 20, 30 anos não apareceu nenhum tratamento novo. “Neste cenário queríamos entender a fisiopatologia da sepse tanto experimental quanto clínica e a partir daí encontrar novas terapias alternativas. Identificamos alguns alvos para desenvolver moléculas que possivelmente sejam eficazes de bloquear estes alvos e consequentemente testarmos em pacientes. Mas este é um próximo passo”, disse.
O outro finalista, Ricardo Mario Arida, professor da Unifesp, também disse que a indicação é muito importante para divulgação do trabalho. “Além das revistas científicas, premiações como esta são muitos importantes para mostrarmos nosso trabalho”, disse.
Júri
A pesquisa vencedora entre os três finalistas foi escolhida por um júri composto por 25 integrantes, entre eles Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e Helena Nader, da SBPC. 
Helena elogiou a qualidade dos trabalhos e lamentou que tenha que classificá-los como primeiro, segundo e terceiro lugar. “Os três trabalhos têm impacto científico e social dramáticos porque cada um deles traz soluções importantes. O primeiro é uma vacina que ataca uma doença que atinge países em desenvolvimento e que está chegando no primeiro mundo, uma vez que as fronteiras estão cada vez menores. O segundo lugar é sobre sepse, que hoje é classificada com uma síndrome porque é um conjunto de eventos. A sepse que acontece em uma pessoa não acontece em outra, já que a sepse pode ser por fungos ou por vírus. E o trabalho do Cunha é importante porque ele está mostrando que entendendo esta síndrome, pode mostrar onde o médico pode intervir e salvar vidas. O terceiro trabalho também é importante porque mostra que com exercício, as crises de epilepsia diminuem e o uso de remédios também”, afirma. 
O professor de neurologia da Unifesp, Ademir Baptista Silva, que também fez parte do júri concorda com a presidente da SBPC no quesito de qualidade dos trabalhos. “Todos os trabalhos são excelentes e já reconhecidos internacionalmente. O critério para escolha foi a influência do trabalho na população em geral.”
Silva ainda ressaltou a importância do prêmio para estimular o pesquisador. “Existe, pelo menos na área de saúde, uma certa dificuldade de verba,  e quando um pesquisador é premiado ele ganha condições de melhorar seu trabalho, comprando  mais materiais, por exemplo. Este prêmio além de valorizar, estimula ainda mais o pesquisador.”.
O júri também foi composto por representantes da Academia Brasileira de Ciências (ABC); da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp); da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei); do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee); do CNPq; e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 
Prêmio
O Prêmio é concedido anualmente e contempla de modo alternado quatro áreas: saúde, educação, alimentação e desenvolvimento científico e tecnológico. Seu objetivo é valorizar e estimular pesquisadores ou instituições, de qualquer parte do mundo, que se destaquem por suas descobertas inovadoras e práticas focadas no desenvolvimento e no bem-estar social das populações em desenvolvimento. Desde que foi instituída, há 14 anos, a Fundação Péter Murányi já distribuiu cerca de R$ 1,6 milhão em prêmios.
No total, foram indicados 135 trabalhos para concorrer ao prêmio – um crescimento de 58% em relação à edição anterior, que teve 85 trabalhos indicados na área da educação. Nesta edição, também aumentou o número de trabalhos encaminhados por instituições de outros países da América Latina, de nove para 20.
Na avaliação da presidente da Fundação Péter Murányi, Zilda Vera Murányi Kiss, esse crescimento reflete o reconhecimento da importância do prêmio por parte da sociedade científica brasileira. “Além do aumento do número de participantes, que vem sendo registrado a cada edição, as principais instituições de fomento à ciência e a tecnologia passaram a apoiar o Prêmio”, afirmou.
(Vivian Costa/SBPC)