Na segunda metade do século XX, um nome se destacou como pioneiro da física brasileira e como figura crucial em equipes internacionais que revolucionaram o campo científico: Cesar Lattes. Lattes tornou-se uma das mentes mais brilhantes da física de partículas, deixando um legado duradouro que estimulou o avanço da ciência no Brasil. Isso é o que discute vídeo da nova edição da Ciência & Cultura, que celebra o centenário do físico brasileiro César Lattes.
Sua carreira internacional começou na Universidade de Bristol, no Reino Unido, onde, com Cecil Powell e Giuseppe Occhialini, fez uma descoberta que ecoaria pelo mundo científico. Em 1947, Lattes, Occhialini e Powell identificaram pela primeira vez o méson pi, uma partícula subatômica fundamental, através de seus rastros deixados em uma emulsão fotográfica após serem bombardeados por raios cósmicos.
A descoberta dos mésons pi não apenas consolidou a reputação de Lattes como um cientista de renome mundial, mas também colocou o Brasil no mapa da física de partículas. “A gente pode dizer que a descoberta do píon (méson pi) foi crucial no desenvolvimento da física de partículas na época e talvez tenha sido uma das descobertas mais seminais na nossa compreensão moderna do próprio núcleo atômico”, explica Ulisses Barres de Almeida, pesquisador associado do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e vice-diretor do Centro Latino-Americano de Física (CLAF), instituição ligada à Unesco com sede no Rio de Janeiro.
Posteriormente, Lattes juntou-se à Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, onde continuou suas pesquisas em colaboração com grandes nomes da física, como Luis Alvarez e Emilio Segrè. Contudo, foi em Chacaltaya, na Bolívia, que Lattes desempenhou um papel crucial na formação da Colaboração Brasil-Japão (CBJ), uma iniciativa que estendeu sua influência na física de altas energias para além das fronteiras do Brasil. “O Lattes foi o cientista responsável por abrir as portas experimentais da física de partículas”, afirma Heráclio Duarte Tavares, professor do curso de História da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
As contribuições de Lattes e sua atuação em equipes internacionais como Bristol, Berkeley e Chacaltaya não apenas impulsionaram a física brasileira, mas também inspiraram toda uma geração de cientistas no país. Seu trabalho colocou o Brasil no cenário global da pesquisa científica, abrindo portas para novas colaborações e avanços inovadores. “Para mim, ele era um visionário. As suas ideias nos inspiram, vão continuar a nos inspirar gerações de cientistas brasileiros, mas numa perspectiva humana”, conclui Iramaia Jorge Cabral de Paulo, professora do Instituto de Física da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
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