Quando iniciou suas aulas na UFPI no curso de Artes Plásticas, Aliã Wamiri Guajajara foi orientada a levar tinta guache para um trabalho em classe. Ao invés de guache industrial, levou tintas produzidas por seu pai a partir de plantas, um dos muitos saberes indígenas tradicionais. A professora, no entanto, rejeitou o material dizendo que aquilo não era a guache que ela pediu. Quando voltou à aldeia e contou ao pai, este disse “ah que pena, a guache dela só tem seis cores, o nosso tem mais de vinte.”
Esse foi um dos relatos de Aliã Wamiri Guajajara para ilustrar a dificuldade de inclusão de indígenas e os choques culturais no ambiente da academia. “A academia traz visões de distanciamento”, afirmou Aliã ao falar dos conflitos que ela e outros indígenas enfrentam ao passar pela universidade e encontrar uma estrutura vertical, que não leva em consideração outros saberes.
Ela foi uma das palestrantes da mesa-redonda “Qual inclusão social queremos? Que políticas efetivas integram indígenas, quilombolas, mulheres e LGBTQUIA+ entre outros?”, realizada no dia 14/3, durante a Reunião Regional da SBPC em Teresina.
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Vivian Costa e Janes Rocha – Jornal da Ciência