A pandemia do novo coronavírus apenas explicitou o que a comunidade científica já sabia: só a ciência é capaz de ajudar e apoiar a sociedade nesse momento difícil, diz a socióloga Fernanda Sobral, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). E essa é uma das mensagens que ela quer levar para a Marcha Virtual pela Ciência, que será realizada nesta quinta-feira 7 de maio.
A Marcha terá diversas atividades transmitidas pelas redes sociais da SBPC no Facebook e no YouTube. O objetivo é chamar a atenção para a importância da ciência no enfrentamento da pandemia de covid-19 e de suas implicações sociais, econômicas e para a saúde das pessoas.
Professora aposentada e Colaboradora Sênior do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), Fernanda Sobral é também membro do Conselho Superior da Capes, além de ser membro do Conselho da Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias (Esocite).
Ela chama a atenção para o fato de que, no momento em que é mais requisitada, a ciência brasileira passa por enormes dificuldades devido ao desmonte de instituições chave como CNPq, Capes e Finep, com sistemático desfinanciamento sofrido nos últimos anos. “Apesar dos cortes (orçamentários) a ciência brasileira está trabalhando junto com a ciência do mundo todo e tem dado grandes contribuições”, diz.
Segundo ela, as respostas dadas pelas universidades e institutos de pesquisa à pandemia da covid-19 – com sequenciamento genético do vírus, desenvolvimento de testes e respiradores – até o momento se baseiam em uma competência acumulada, que vem de políticas de fomento anteriores. “Mas é claro que se tivesse mais investimentos poderíamos estar em outro patamar”, completa.
Outro ponto em destaque para a vice-presidente da SBPC é que a pandemia explicitou a importância da integração entre as ciências. “Se por um lado, as ciências da saúde e biológicas estão na linha de frente dos diagnósticos e tratamentos, vemos também áreas como computação e estatística, apoiando com modelos e dados, e as ciências humanas e sociais oferecendo contribuições no que se refere aos impactos sociais e econômicos”.
Sobre o desafio de promover uma manifestação em um momento de isolamento social, Fernanda Sobral reafirma a importância da aproximação física, mas acredita que o isolamento aumentou a necessidade de participação da vida social. “Nesse aspecto acho que a Marcha Virtual pela Ciência vai ter uma adesão muito grande. Além de todos os problemas que estão acontecendo, do governo, do mundo, existe essa busca de participação”.
Por fim, ela reitera a necessidade do distanciamento social, enquanto a ciência está trabalhando para encontrar um tratamento comprovado ou mesmo uma vacina. A recomendação do isolamento social vem também do conhecimento cientifico”, afirma.
Janes Rocha – Jornal da Ciência