Os participantes da campanha “Ciência, pra que ciência?” – professores, estudantes e pesquisadores de todo o País – têm mostrado em seus depoimentos por que suas pesquisas, possibilitadas com financiamento público das agências de fomento nacionais, são importantes para o desenvolvimento e bem estar de toda a população. Lançada pela SBPC, a iniciativa já conta com mais de 110 vídeos, divulgados no canal da SBPC no YouTube e compartilhados nas redes sociais da entidade.
À medida que a crise no setor de CT&I se acirra e a votação do orçamento para o setor em 2020 se aproxima, com perspectivas ainda mais desoladoras, a comunidade científica tem buscado mais e mais o apoio da população para sensibilizar e pressionar o governo a reverter esse quadro de desmonte e colocar ciência e educação como os pilares da retomada do crescimento do País. A exemplo do que fazem todos os países desenvolvidos do mundo, que em momentos de crise, investem no desenvolvimento científico e tecnológico.
A campanha “Ciência, pra que ciência” soma forças a dezenas de iniciativas e mobilizações da comunidade científica por todo o País nesse sentido. A intenção é que toda a população possa ver, em cada depoimento, quem são nossos pesquisadores e como o investimento na formação e no desenvolvimento de pesquisas retornam a todos, na forma de melhores políticas públicas, melhores práticas nos serviços prestados à população, melhores medicamentos, vacinas e terapias, melhores alimentos, escolas, estradas, cidades, etc., enfim, em oportunidades para uma sociedade mais desenvolvida, justa e próspera.
Debora Mazza, professora da Faculdade de Educação da Unicamp, fala em seu depoimento da importância das ciências humanas. “Me constitui como ser social, pedagoga e cientista social estudando em escolas e universidades públicas, financiadas pelos recursos arrecadados de bens materiais e imateriais consumidos por todas as classes sociais. Defender as ciências humanas, e dentre elas a educação, é defender o sistema público, laico, socialmente referenciado, para todos e todas, com classes mistas, amealhado pelos governos democráticos, pelas lutas sociais, sindicais e pelas entidades. A educação não diz respeito apenas a empregos, salário e sucesso. Diz respeito a emancipação, a transcendência, a integridade, a reinventar a vitalidade da vida e a buscar um lugar para todos e todas em nossa sociedade.”
Cristiani Vieira Machado, médica sanitarista e vice-presidente de ensino, informação e comunicação na Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (ENSP/Fiocruz), por sua vez, desenvolve pesquisas sobre como as políticas públicas em saúde são implementadas e como os sistemas de saúde são organizados no Brasil e na América Latina. “A Fiocruz é uma instituição que faz ciência a serviço do Sistema Único de Saúde e em defesa da vida”, afirma em seu depoimento para a campanha #CiênciapraqueCiência.
Rafael Moreira, doutor e mestre em Ciências Sociais pela USP, diz em seu depoimento que contou com o financiamento das agências de fomento do Brasil para poder estudar. “Com isso, procurei contribuir estudando o processo de transição democrática brasileira e também sobre o sistema partidário brasileiro”, explicou.
Já Luana Rodrigues, que concluiu seu doutorado no IOC-Fiocruz, conta no vídeo que fez para a campanha da SBPC sobre sua tese, na qual verificou a aceitabilidade de um método pelo qual as mulheres podem fazer sozinhas a coleta íntima para o teste de detecção de HPV no colo do útero. O estudo foi desenvolvido com mulheres da região Tapajós, na Amazônia, com conclusões bastante positivas – alta aceitabilidade e excelente taxa de concordância nos resultados, quando comparados com a coleta feita nas clínicas por profissionais. Seu estudo conquistou o 1º lugar no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2019, na categoria Medicina.
Participe das ações da SBPC em defesa a ciência brasileira
A SBPC convida todos os estudantes e pesquisadores, desde a iniciação científica até a pós-graduação, bolsistas e ex-bolsistas, profissionais de todas as áreas e todos os amigos da ciência a participar da campanha e compartilhar suas histórias. Basta gravar um breve vídeo, com duração de 30 segundos a um minuto, acessar este link, preencher um breve formulário e seguir as instruções para carregá-lo. O depoimento pode ser gravado em celular mesmo, em alta definição, com o aparelho na horizontal.
Todos os vídeos da campanha estão disponíveis em uma playlist na TV SBPC, no YouTube, e nas redes sociais da SBPC (Facebook, Twitter e Instagram: @SBPCnet).
Jornal da Ciência