Mais de 200 pessoas, entre pesquisadores, professores e representantes de instituições científicas, se mobilizaram na manhã desta segunda-feira, 2 de julho, no Largo da Lapinha, em Salvador, para protestar contra os severos cortes de recursos a instituições federais baianas e nacionais. A manifestação foi realizada junto aos festejos da independência da Bahia e foi marcada pela divulgação do “Manifesto 2 de Julho em Defesa da Ciência”.
Segundo o texto do documento, o objetivo do manifesto é “além de despertar na consciência da população o valor da ciência, da educação e da cultura, sobretudo, alertar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário sobre a necessidade de dar um fim à lamentável situação de penúria orçamentaria que aflige esses setores em nosso país”.
Em entrevista ao jornal Correio*, o presidente da Academia de Ciências da Bahia, Jailson Andrade, enfatizou que o ato é uma manifestação em favor da ciência. “Estamos aqui pra chamar atenção da sociedade e do governo sobre o valor da ciência. Praticamente estamos com a metade do orçamento de cinco anos atrás Por isso, aproveitamos o Dois de Julho, que é a maior data da Bahia, para fazer esse ato”, declarou.
O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira também participou da manifestação na capital baiana. “Todo aparato de ciência e tecnologia do País está ameaçado. Quando se deixa de investir em ciência todo mundo fica prejudicado, principalmente, quem precisa de saúde e educação. Queremos defender a ciência brasileira”, afirmou ao Correio*.
Leia na íntegra o manifesto:
Manifesto 2 de Julho em Defesa da Ciência
Ciência, Educação e Cultura são os fundamentos sobre os quais repousam as sociedades humanas. São eles que permitem, estimulam e consolidam a produção e a acumulação do conhecimento necessário ao desenvolvimento integral das nações. Como tais, constituem-se de atividades complexas e continuadas, que necessitam de infraestrutura, planejamento e financiamento continuados e de longo prazo.
Os Países desenvolvidos, assim o são porque investem fortemente em ciência, educação e cultura, único caminho para a prosperidade econômica e social sustentável, para uma vida digna, equânime e saudável de seus cidadãos. É este também o caminho que devem seguir os países em desenvolvimento: planejar, financiar, apoiar continuamente as instituições que se dedicam ao ensino, em todos os níveis e à pesquisa científica e cultural. Sem isto não haverá geração de riqueza nem melhoria na qualidade de vida. E, sobretudo, não se formará um patrimônio de conhecimento consolidado, próprio do País, que além de servir à construção do seu presente determinará a projeção do nosso futuro.
No Brasil, contudo, há anos a ciência, a educação e a cultura vêm sendo progressivamente desamparadas pelos governos, sofrendo cortes sucessivos nos orçamentos destinados a suas atividades. A tal ponto isto vem ocorrendo que se chegou hoje a uma situação de penúria generalizada! Se por um lado, a maioria dos governos estaduais não cumpre os compromissos com o investimento em ciência e tecnologia, educação e cultura, por outro o governo federal, além de não cumprir os repasses para essas finalidades tem feito arrasadores cortes orçamentários nesses setores.
Dois de Julho é uma data heroica para a Bahia e o Brasil e simboliza a verdadeira Independência do nosso país. Imbuídos deste sentimento patriótico, a Academia de Ciências da Bahia, juntamente com todas as instituições de ensino superior públicas do Estado e as Academias de Letras, de Medicina e de Medicina Veterinária da Bahia decidiram por manifestarem-se publicamente nesta data. Nosso objetivo é, além de despertar na consciência da população o valor da ciência, da educação e da cultura, sobretudo alertar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário sobre a necessidade de dar um fim à lamentável situação de penúria orçamentaria que aflige esses setores em nosso país. Investir neles hoje é nossa única garantia de futuro!
Jornal da Ciência, com informações do jornal Correio*