Um grupo de 21 cientistas renunciaram à Ordem Nacional de Mérito Científico após o presidente Jair Bolsonaro retirar a condecoração de dois pesquisadores. A homenagem foi concedida na última quarta-feira (03), e apenas dois dias depois, a condecoração de Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda foi revogada. O assunto foi discutido na edição deste sábado (06) do Jornal da Cultura.
Os dois pesquisadores são conhecidos por criticarem como o governo federal conduziu o combate à pandemia. Benzaken é diretora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia e ex-diretora do departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde, tendo sido exonerada do cargo no início do atual governo após elaborar uma cartilha destinada a homens trans. Já Lacerda é pesquisador da Fundação de Medicina Tropical “Doutor Heitor Vieira Dourado”, e liderou um estudo que demonstrou a ineficácia da cloroquina no tratamento da covid-19.
“Um deles tinha feito um documento refutando a cloroquina como medicamento, e a outra tinha trabalhado em algo ligado a uma cartilha em como o Ministério da Saúde deveria lidar com homens transgêneros. Então foi visível a manipulação ideológica da cassação das concessões”, afirmou Renato Janine Ribeiro, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) durante entrevista ao programa.
Em carta aberta publicada neste sábado (06), os cientistas apontam perseguição aos colegas, manifestaram o repúdio ao negacionismo e aos recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência e tecnologia, e declararam que a exclusão dos pesquisadores “inaceitável sob todos os aspectos, torna-se ainda mais condenável por ter ocorrido em menos de 48 horas após a publicação inicial, em mais uma clara demonstração de perseguição a cientistas, configurando um novo passo do sistemático ataque à ciência e tecnologia por parte do governo vigente”.
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Jornal da Ciência