Representantes da comunidade científica nacional se reuniram no dia 15 de outubro em uma “Mobilização em Defesa da Ciência” para discutir ações em defesa dos recursos públicos que deveriam ser destinados à ciência, informa o programa Em Pauta na Saúde, do Canal Saúde da Fiocruz, veiculado no dia 22 de outubro. Cientistas das várias áreas do conhecimento, dentre eles, Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, estão preocupados com os rumos das pesquisas no País.
O estopim para o evento foi a decisão do Ministério da Economia de alterar, de última hora, um projeto de lei que deveria liberar R$ 690 milhões em créditos suplementares para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A mudança foi feita sem aviso prévio, poucas horas antes de o projeto ser votado na Comissão Mista de Orçamento do Congresso em 7 de outubro. Em vez de R$ 690 milhões, o MCTI ficou com apenas R$ 89,8 milhões, dos quais R$ 82,6 milhões foram reservados para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e R$ 7,2 milhões, para fomento a projetos de pesquisa e bolsas em geral. Os outros R$ 600,2 milhões foram rateados entre outros ministérios, para outras finalidades, como defesa agropecuária e saneamento básico. O Ministério da Educação recebeu R$ 107 milhões para o pagamento de bolsas no ensino superior.
Segundo Janine Ribeiro, o corte compromete o andamento das pesquisas no Brasil, principalmente nesse momento de pandemia. “Teremos laboratórios defasados, falta de material, equipamentos que não serão comprados”, afirma. Para ele, toda a infraestrutura construída ao longo dos anos com muito trabalho e empenho será prejudicada.
Para o coordenador do Observatório do Legislativo Brasileiro, João Feres, a sociedade precisa cobrar dos parlamentares ações diante do PLN 16 para garantir ao menos os R$ 600 milhões a ciência ainda esse ano.
Assista o programa Em Pauta na Saúde/Canal Saúde da Fiocruz
Jornal da Ciência