A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), junto a suas Secretarias Regionais e Sociedades Científicas Afiliadas, soma forças nesta quinta-feira a entidades de todo o País ligadas à Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para a realização da Marcha Virtual pela Ciência no Brasil.
Em sua sétima edição, esta manifestação em defesa da ciência, da educação, da saúde e da vida será virtual, devido à necessidade de WhatsApp Image 2020-04-22 at 17.15.42 isolamento social para conter a disseminação do coronavírus.
“Vamos ter painéis muito interessantes com especialistas, médicos, cientistas do País inteiro, tanto na programação nacional, quanto regional”, afirma o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira. Ele frisa que objetivo da Marcha é estimular a participação e a discussão sobre temas que são fundamentais à vida das pessoas e ao País. “Mas o mais importante no momento é que as pessoas fiquem em casa, e só saiam, se precisarem, em condições de segurança”, reitera.
“Achamos que seria importante fazer a marcha nesse momento no qual a ciência é mais necessária do que nunca, devido à pandemia da covid-19”, explica Claudia Linhares, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), diretora da SBPC e membro da Comissão Nacional Organizadora da Marcha. “E tinha que ser virtual, porque seria impossível fazer a nossa prática tradicional, que é ir para a rua, para o Congresso, aos parques e museus, fazer protesto e palestras presenciais”, completa.
Essa é a razão do movimento ser, pela primeira vez, completamente digitalizado – desde a programação, até as palestras, passando pela “presença” do público. Haverá dois painéis online de debate sobre temas de interesse nacional, reunindo cientistas e pesquisadores renomados: um sobre “O enfrentamento da covid-19 no Brasil” pela manhã, às 10h30, e outro à tarde (15h), sobre os desafios e sucessos da CT&I no Brasil.
Além disso, estão previstas duas ondas de “tuitaços” (às 12h e depois às 18h), com a hashtag #paCTopelavida, e uma ocupação virtual em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, o dia todo. Os participantes poderão mostrar na internet onde estão se manifestando, em tempo real, através do aplicativo Manif.app, ferramenta criada na França e adaptado pela SBPC para a Marcha (veja como utilizar, em apenas 3 passos). Clicando neste link, você será já posicionado em frente ao Congresso Nacional.
“Tirando quatro ações que são nacionais, toda a programação é descentralizada, plural e, dessa forma, cada sociedade, laboratório, grupo de pessoas e universidade poderá fazer o próprio programa”, explica Linhares. Isso será possível graças às populares ferramentas tecnológicas baseadas em internet que ajudam as pessoas a se conectarem, e que ganharam um número muito maior de adeptos justamente por causa da pandemia.
“Devido à quarentena, pessoas que nunca tinham ouvido falar do Zoom, Google Meet, etc., hoje já sabem como usar”, diz Linhares. Canais no YouTube, “lives” e debates online tornaram-se parte do cotidiano, foram apropriados pelas pessoas, viabilizando a Marcha Virtual pela Ciência, diz a diretora da SBPC.
A programação completa dos painéis desta quinta-feira, 7 de maio, está disponível no site da SBPC, ou neste link.
Luciano Mendes, professor da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), secretário regional da SBPC e também membro da Comissão Organizadora está otimista com o engajamento de pessoas dentro e fora da comunidade acadêmica e científica. Segundo ele, o movimento ganhou enorme apoio das instituições de ensino e pesquisa em praticamente todos os estados brasileiros, o que reforça o caráter estratégico de mobilização da própria comunidade.
“A Marcha ganhou nos últimos dias o centro das discussões, das preocupações, muita gente está trabalhando, preparando materiais para apresentar, o que torna este um momento de expressão coletiva, de defesa pública da importância da ciência”, afirma.
Em relação ao engajamento fora da comunidade acadêmica, Mendes acha que a Marcha está sendo favorecida duplamente. Primeiro porque as pessoas estão em casa, disponíveis para participar e interessadas no tema. “Por outro lado, como a ciência está no centro da discussão hoje, nas grandes mídias, cotidianamente, isso atrai a população para entrar nessa conversa, o que rebate numa maior disponibilidade dos meios de comunicação para divulgar a Marcha”, define.
Quanto ao significado histórico da Marcha Virtual pela Ciência, Mendes reitera o papel fundamental de trazer a ciência para o centro do debate da sociedade brasileira, articulada com educação, saúde e democracia. Para ele, o papel que a manifestação pode cumprir neste momento é fundamental diante do obscurantismo que governa o Brasil e outros países. “Eles (o governo) não valorizam a ciência e, além dos ataques simbólicos, têm feito um ataque material, destrutivo por meio da diminuição do financiamento e destruição das nossas instituições de pesquisa”, destaca Mendes.
Para Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, coordenadora do laboratório de bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), a Marcha deste ano é um grande desafio, não só tecnológico, mas de como juntar as pessoas para lutar pelo mesmo ideal, de maneira tão distinta das realizadas anteriormente. “Mas vai ser muito engrandecedor. Acho que a marcha vai ser um sucesso, estou muito empolgada”, afirma Vasconcelos, que também está no time de organizadores do evento.
Claudia Linhares diz que pretende levar para a Marcha uma mensagem afinada com o “Pacto pela vida e pelo Brasil”, o manifesto assinado no início de abril pela CNBB, OAB, Comissão Arns, ABC, ABI e SBPC, pedindo união de toda a sociedade, solidariedade, disciplina e conduta ética e transparente do governo.
“Primeiro, a vida tem prioridade, vem antes da economia. Segundo, para defender a vida e salvar a economia, só com ciência”, afirma a diretora da SBPC.
A Marcha Virtual pela Ciência terá atividades transmitidas pelas redes sociais da SBPC no Facebook e no YouTube. Veja como participar: http://portal.sbpcnet.org.br/noticias/veja-como-voce-pode-participar-da-marcha-virtual-pela-ciencia-no-brasil/
Janes Rocha – Jornal da Ciência