O grande potencial do mar Atlântico

Com mais de 8 mil quilômetros de extensão litorânea, a “Amazônia Azul” guarda no mar um tesouro farmacológico tão rico quanto a área de terra da “Amazônia verde”, afirma a bióloga Leticia Veras Costa Lotufo, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), durante a conferência “Farmacologia Marinha no Brasil: O potencial da Amazônia Azul no desenvolvimento de fármacos”. A discussão é parte da programação da 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Lotufo afirma que o Brasil tem uma costa enorme, mas com uma exploração econômica ainda muito incipiente, quando observamos outros países.

Conferência aborda o potencial da
Amazônia Azul no desenvolvimento de fármacos

Com mais de
8 mil quilômetros de extensão litorânea, a “Amazônia Azul” guarda no mar um
tesouro farmacológico tão rico quanto a área de terra da “Amazônia verde”,
afirma a bióloga Leticia Veras Costa Lotufo, professora da Universidade Federal
do Ceará (UFC), durante a conferência  “Farmacologia
Marinha no Brasil: O potencial da Amazônia Azul no desenvolvimento de
fármacos”. A discussão é parte da programação da 68ª Reunião Anual da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Lotufo afirma que o Brasil tem
uma costa enorme, mas com uma exploração econômica ainda muito incipiente,
quando observamos outros países.

Segundo
ela, o ambiente marinho ocupa dois terços do planeta e é um ambiente rico em
interações ecológicas. A chamada Amazônia Azul conta com cerca de 3 milhões e
meio de km².  “Temos a segunda maior
costa do mundo, mais algumas ilhas, como o Arquipélago de São Pedro e São Paulo”,
afirma.

Na década
de 60, com o desenvolvimento de equipamentos de mergulho, começaram a surgir os
primeiros produtos naturais marinhos. “Com o aperfeiçoamento de equipamentos de
mergulho podemos coletar em locais cada vez mais profundos no ambiente marinho”,
explica.

Segundo
ela, os produtos oriundos dessa biodiversidade têm se modificado, já que teve
um tempo em que eram produzidos por grandes indústrias e agora são produzidos
por institutos de biotecnologia e universidades – que dividem o risco das
pesquisas. “Um novo perfil está em curso. Estamos vivendo um novo momento de decisões
importantes com o descobrimento de micro-organismos marinhos – bactérias e
fungos como fontes de produto naturais.

Para a
pesquisadora, é impossível trabalhar no ambiente marinho de forma isolada, por
ser uma ciência multidisciplinar. “Precisamos formar recursos humanos para
criar uma massa crítica capaz de estudar a ecologia química marinha. Só assim
poderemos descobrir o universo fantástico dessas micro e macromoléculas,
diluídas na imensidão dos oceanos”, disse.

Lotufo explica
que há um potencial imenso de diversidade biológica e química. Mas com
exploração sustentável, já que ela não pode ser pautada no extrativismo.

Ela também
afirma que, além da rica biodiversidade, a chamada Amazônia Azul tem uma
importância econômica estratégica para o País. 

Estudo

Ela afirmou
que, em um dos estudos, uma nova molécula encontrada em uma bactéria marinha
pode ter um papel significativo no tratamento contra o câncer, em especial o
câncer de pele do tipo melanoma. Chamada de seriniquinona, a molécula foi isolada
de uma bactéria rara do gênero Serinicoccus.

Ela
explicou ainda que a molécula seriniquinona é capaz de reconhecer uma proteína
presente principalmente nas células cancerígenas: a dermicidina, que está
relacionada à sobrevivência da célula. “Quando a molécula se liga nessa
proteína, acaba ativando uma série de processos de morte celular”, diz a
pesquisadora.

Vivian Costa – Jornal da Ciência