A nova ferramenta foi anunciada na 66ª Reunião Anual da SBPC
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia desenvolveram recentemente um método de diagnóstico de leptospirose, que facilita o tratamento da doença transmitida por ratos. A informação foi concedida pelo pesquisador da Fiocruz da Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis, em conferência proferida ontem, 24, na 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Rio Branco, Acre.
Segundo Mitermayer, existem 12 mil casos por ano de leptospirose no País. O especialista da Fiocruz espera que o novo método, já aprovado pela Anvisa, seja colocado em prática no sistema público de saúde, já que é mais eficiente do que o método utilizado hoje.
“Esse novo método diagnóstico, para a lógica do hospital, tem boa especificidade e boa sensibilidade. Não entendo porque o governo ainda não o aprovou”, disse ele, ao discorrer sobre o tema: “Doenças negligenciadas ou populações negligenciadas?”, evento que atraiu centenas de estudantes e pesquisadores, no Anfiteatro Garibaldi da Universidade Federal do Acre (UFAC). A conferência foi mediada pelo professor Carlos Henrique Ney Costa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), especialista em doenças negligenciadas.
O novo diagnóstico é baseado em “proteína expressa recombinante da leptospirose”. Na prática, quando a pessoa é infectada, ela produz anticorpos. Quando isso ocorre, a presença da leptospirose é diagnosticada pela mistura do sangue do infectado com os anticorpos gerados, segundo a explicação simplificada de Reis, que também é médico.
Sintomas
Os sintomas de leptospirose são febre aguda, dores de cabeça e dor muscular, similares aos sintomas de dengue e gripe, por exemplo, o que geralmente confunde o diagnóstico da doença transmitida pelo rato. Segundo o médico, o diagnóstico rápido da doença pode evitar a gravidade da leptospirose.
“Por isso os testes rápidos são extremantes importantes. Temos de juntar indivíduos que fazem a bioengenharia, com médicos e sociólogos para que possamos trabalhar em conjunto”, afirmou o especialista.
Reis explica que com a agilidade no diagnóstico da leptospirose é possível salvar vidas, com a penicilina, por exemplo. “Se o paciente evoluir, porém, para um quadro grave da doença pode será levado para uma UTI gerando custos enormes e, em alguns casos, falecendo”.
(Viviane Monteiro/Jornal da Ciência)