A Microbiológica Química e Farmacêutica é a mais nova organização a se tornar sócia institucional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Fundada em março de 1981 por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a empresa foi concebida com o intuito de explorar formas de criar pontes entre os laboratórios de instituições científicas e a indústria farmacêutica.
Segundo Jaime A. Rabi, diretor da Microbiológica, a ideia nasceu em uma época de ciclos tecnológicos relativamente longos, quando a inovação tecnológica ainda não tinha a urgência de hoje. “A indústria, amparada por políticas industriais de substituição de importações usufruía confortavelmente de um futuro previsível. A academia, por sua vez, tinha como objetivos o exercício da ciência básica como forma de criação de conhecimento e no processo do desenvolvimento de projetos, a formação de novos recursos humanos de alto nível. Academia e indústria eram, na época, duas culturas profundamente diferentes em seus valores e princípios convivendo independentemente e sem interações”, comenta.
Rabi cita que o objetivo inicial da empresa era centrado em produtos e serviços da biotecnologia clássica. Entretanto, já nos primeiros anos da sua formação, e para aproveitar incentivos à fabricação no País dos chamados medicamentos essenciais, a Microbiológica criou uma divisão de química sintética focada em fármacos. Isso acabou determinando uma mudança radical na estrutura e objetivos da empresa.
“A competência essencial da Microbiológica é em química de ácidos nucleicos, que ao longo dos anos tem se expressado em produtos e processos essenciais para a sociedade. Em fins da década de 80 introduzimos no Brasil processos inovadores para a fabricação da azatioprina. Essencial, na época, para o programa nacional de transplantes renais. Na década de 90 produzimos por metodologias inovadoras e verticalizadas os primeiros agentes antirretrovirais para o combate ao HIV causador da AIDS. Entre estes o assim chamado ‘AZT brasileiro’. O AZT foi muito importante, pois evidenciou a possibilidade de inibir o vírus de forma direta dando sobrevida às pessoas portadoras do vírus”, comenta.
O diretor lembra ainda que através de alianças estratégicas no exterior a Microbiológica teve papel fundamental no desenvolvimento de novos antivirais para o tratamento da hepatite B (L-timidina) e da hepatite C (sofosbuvir). “Com o advento do sofosbuvir, produzido no Brasil pela Microbiológica, a hepatite C que até então era de difícil tratamento passou a ser uma infecção curável em poucas semanas. A Microbiológica integra, através de um robusto sistema de qualidade. pesquisa, desenvolvimento e produção o que tem nos permitido registrar nossos produtos no Brasil e no exterior”.
Rabi lembra que o convite para a Microbiológica ser sócia institucional da SBPC surgiu de uma conversa com Renato Cordeiro, pesquisador emérito da Fiocruz e membro do Conselho da SBPC, em dezembro de 2021. “Estamos orgulhosos de fazer parte do tecido institucional do Brasil, que busca na inovação servir a sociedade, uma forma de inserir a ciência na cultura do País”, diz.
Renato Cordeiro destaca que a principal motivação para sugerir a empresa foi o nível de excelência de suas atividades nas áreas da ciência, tecnologia e inovação. “Considero fundamental e estratégico para a ciência e para o futuro do País uma maior aproximação dos Institutos de Pesquisa, das universidades e empresas que desenvolvem pesquisa com a SBPC.”
Além da Microbiológica, Cordeiro articulou a adesão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP). Ele acredita que será muito importante a participação dos sócios institucionais nas Reuniões Anuais da SBPC, interagindo com a comunidade científica e com jovens estudantes nos vários estados da Federação. “A 74ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada na UnB (Universidade de Brasília) em julho, será uma excelente oportunidade para essa simbiose científica”, afirma.
Para Cláudia Linhares, secretária-geral da SBPC, a ampliação do número de sócios institucionais, em tempos econômicos e sociais tão difíceis para o Brasil, representa um enorme reconhecimento das empresas e organizações ao trabalho da Sociedade. “É uma chancela à importância das suas causas e, mais ainda, um alinhamento e compromisso com esses propósitos.”
Linhares conta que um dos focos desta gestão é continuar o trabalho de difusão do ideário da SBPC junto às empresas, para que se unam na defesa da ciência, tecnologia e inovação brasileiras. “A união de toda a sociedade civil em torno dessas bandeiras é o que trará o Estado Brasileiro, como um todo, a engajar-se no fortalecimento de CT&I.”
Além da Microbiológica Química e Farmacêutica, são sócios institucionais da SBPC, o Centro Alemão de Ciência e Inovação São Paulo (DWIH São Paulo), o Complexo Pequeno Príncipe, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Fundação Péter Murányi, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Para mais informações sobre os benefícios para sócios institucionais da SBPC acesse aqui.
Jornal da Ciência