A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou nesta terça-feira, 11 de dezembro, em evento no Museu Catavento, em São Paulo, dois selos em homenagem aos cientistas brasileiros César Lattes e Joanna Döbereiner. A cerimônia contou com a presença de familiares de Lattes, além de representantes da comunidade filatélica (colecionadora de selos).
Maria Teresa Lattes, filha mais nova de César Lattes, comentou a emoção com o lançamento do selo: “A família toda ficou bastante feliz com a homenagem. A gente achou que o resultado final ficou incrivelmente parecido com ele. E a animação é grande para poder ver os selos em cartas enviadas em todo o Brasil pelos Correios”. Maria Cristina Lattes, também filha do cientista, contou que a homenagem tem um significado importante para a família, já que seu avô, pai de César Lattes, era um apaixonado por colecionar selos.
O lançamento foi oficializado com a obliteração das peças, ou seja, a carimbação dos selos, presidida por Edson Gonçalves, representante da Superintendência Estadual dos Correios de São Paulo. Cada um dos convidados realizou a obliteração e foi presenteado com um álbum filatélico.
A previsão é que até a sexta-feira (14) os produtos lançados poderão ser adquiridos na loja virtual dos Correios e em breve também estarão disponíveis no setor de atendimento filatélico da Agência Central dos Correios, localizada no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Os dois selos formam uma peça se-tenant, que na filatelia denomina um conjunto de selos que não podem ser separados. A peça traz estampadas as imagens dos cientistas interligados por um átomo, elemento em comum entre os dois pesquisadores.
Os cientistas homenageados foram dois dos mais brilhantes em suas respectivas áreas. O físico e matemático César Lattes aos 23 anos descobriu ao lado dos cientistas Cecil Frank Powell e Giuseppe Occhialin a partícula méson-pi no núcleo atômico, que assegura a coesão do átomo. Essa descoberta marcou o início da chamada física de partículas elementares ou física de altas energias. Lattes também contribuiu para importantes iniciativas de incentivo ao desenvolvimento da ciência no Brasil como na fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Também teve participação ativa na fundação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), fazendo parte de seu Conselho Deliberativo de 1953 a 1955. Em sua homenagem, o CNPq batizou o sistema utilizado para cadastrar cientistas, pesquisadores e estudantes como com o nome de Plataforma Lattes.
A engenheira agrônoma Johanna Döbereiner foi pioneira no estudo da biologia do solo e da fixação biológica de nitrogênio (FBN). Sua pesquisa influenciou o programa brasileiro de melhoramento de soja, o que representou na época uma quebra de paradigma, já que os Estados Unidos (maiores produtores de soja do mundo) utilizavam tecnologias de produção baseadas no uso intensivo de adubos nitrogenadas. Os estudos de Döbereiner permitiram que a fixação do nitrogênio pelas plantas fosse feita pela bactéria rhizobium. Dessa forma, a soja gerava seu próprio adubo. Sem o uso dos adubos nitrogenados, o País pôde competir internacionalmente, assumindo a segunda posição entre os maiores produtores mundiais de soja. Em sua homenagem e para dar continuidade a seu trabalho, em 2003, no Rio de Janeiro, foi criada a Sociedade de Pesquisa Johanna Döbereiner, que tem como objetivo promover o conhecimento em Agrobiologia.
Também serão realizados eventos de lançamento no Rio de Janeiro, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), na próxima sexta-feira, dia 14, e em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná (UFPR) na próxima semana, dia 19.
Amanda Oliveira, estagiária de Comunicação da SBPC, para o Jornal da Ciência