Durante a campanha eleitoral, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou uma série de questionamentos para todos os presidenciáveis. Preocupada com a escassez de recursos que atinge as pastas dos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, a SPBC queria respostas claras de todos os candidatos quanto ao compromisso de financiar a pesquisa e a inovação tecnológica no Brasil. De Bolsonaro, recebeu uma carta de compromisso afirmando que “dinheiro empenhado em ciência não era gasto e sim investimento” e a promessa de alocações vultuosas ao longo do mandato.
A promessa, porém, não se concretizou. O corte no orçamento aprovado pelo Congresso Nacional para este ano deve chegar a 42%, tornando ainda mais raras as concessões de bolsas de iniciação científica, modernização de laboratórios, registros de patentes e inovação nas universidades.
Tratando diretamente da questão, o físico e presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira demonstra preocupação. Para ele, o contingenciamento pode representar consequências “muito sérias” para a ciência brasileira porque compromete as nossas agências de financiamento, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
“Um corte como esse pode significar que futuramente teremos muito mais dificuldade para superar momentos de crise econômica como a que nós vivemos. A inovação no mundo inteiro depende da ciência e da tecnologia, da formação de pessoal qualificado e se isso for desmontado, comprometeremos o futuro brasileiro, impactando o meio-ambiente, a economia e a organização da vida social”, avalia o cientista.
Moreira conta já ser possível observar uma “fuga de cérebros” brasileiros para o exterior. Sem verbas para pesquisa, sofrendo com a indisponibilidade e o atraso no pagamento das bolsas de custeio e pouco incentivo na formação, jovens promissores estão migrando para outros países e levando na bagagem conhecimentos essenciais para produção de tecnologia que poderia ficar em solo nacional caso a situação fosse outra.
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