Participantes da campanha “Ciência, pra que ciência?” relatam que os severos cortes que estão desmantelando o sistema nacional de C&T brasileiro podem prejudicar suas pesquisas que buscam melhorar a saúde no Brasil. Lançada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a campanha tem como objetivo chamar a atenção para o impacto que as pesquisas têm no desenvolvimento econômico e social do Brasil e como os cortes severos impostos pelo governo às duas principais agências de fomento do País – Capes e CNPq – impedem o desenvolvimento de estudos importantes para o Brasil, comprometem o futuro da ciência e dos cientistas e trazem prejuízos para toda a população.
Entre os participantes está Luciana Rossoni, coordenadora do Laboratório de Fisiologia Vascular do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Ela e seus colegas se dedicam a compreender a fisiopatologia da hipertensão arterial – principal doença crônica da população brasileira – e a insuficiência cardíaca – com alta mortalidade na população. “A falta de recursos públicos seguramente vai impactar a população e o próprio SUS, uma vez que quando nós pesquisamos essas doenças, estamos tentando melhorar o prognóstico de vida do paciente e melhorar a qualidade das medicações”, diz em seu depoimento para a Campanha #CiênciapraqueCiência.
Outro que está preocupado com a situação é Norberto Cairas, professor titular do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina da USP-Ribeirão Preto, que pesquisa em seu laboratório epilepsia e quadros associados neuropsiquiátricos. “É muito importante fazer pesquisas para poder diagnosticar as pessoas com esses quadros e entender como tratá-las. A perda do auxílio para pesquisa nessa área, simplesmente compromete o diagnóstico e o tratamento desses pacientes. A epilepsia pode matar pessoas, pode comprometer a qualidade de vida das pessoas”, diz.
Patrícia Brum, da Escola de Educação Física da USP, também reforça o coro de que os cortes vão prejudicar a população brasileira. Ela explica que pesquisa, lá dentro das nossas células, como o exercício físico pode ajudar a diminuir a incidência de câncer e ajudar no tratamento das doenças do coração. “Se tivermos nossas verbas para pesquisa cortadas, isso vai afetar demais o conhecimento, a ciência que está por trás de todos esses benefícios do exercício”, diz.
Ralph Santos Oliveira, do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Rio de Janeiro (UEZO), resume, em seu vídeo, a catástrofe que desponta no horizonte de um país que deixa de colocar a ciência e conhecimento como um dos pilares do desenvolvimento: “um país sem bolsa, um país sem pesquisa, é um país fadado ao fracasso absoluto em todos os níveis”, afirma.
Jornal da Ciência