Crise hídrica: a resiliência dos biomas brasileiros diante das mudanças climáticas

Para além dos ciclos naturais, a influência humana agrava o problema da crise hídrica no país. Leia em reportagem da nova edição da Ciência & Cultura

cc-4e23-reportagem-crise-hidrica-capa-site-qerovfcydjx585kwf3jgbwozibh4mvatwvx4rsy0lkA crise hídrica de 2023 na região amazônica alcançou proporções históricas, afetando mais de 600 mil habitantes, conforme relatos da Defesa Civil. Em um cenário contrastante, o Sul do Brasil enfrenta chuvas intensas, ambos eventos ligados ao fenômeno climático El Niño. Este ano, 5,8 milhões de pessoas foram impactadas por chuvas e secas prolongadas, revela a Confederação Nacional dos Municípios. Isso é o que discute reportagem da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Biomas do Brasil”.

Em 2021, o Brasil vivenciou sua pior crise hídrica em 91 anos, acarretando riscos de contaminação, aumentos tarifários e prejuízos agrícolas. Vânia Rosa Pereira, pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), alerta para um possível ponto de não retorno diante dos eventos extremos. “A depender da magnitude e frequência dos eventos extremos e de suas consequências nas alterações dos ecossistemas, podemos chegar em um ponto de não retorno, onde não há mais condições de regeneração. Isso é realmente alarmante”.

A crise hídrica resulta da degradação dos biomas brasileiros, influenciando diretamente o ciclo hidrológico e a disponibilidade de água. O Cerrado, segundo maior bioma, enfrenta devastação, enquanto a Amazônia, paradoxalmente rica em água, lida com sérias deficiências em gestão hídrica e infraestrutura. No Pantanal, falta de infraestrutura e monitoramento precário geram preocupações com a segurança hídrica. Nos Pampas, a alta demanda de água para o agronegócio alerta sobre conflitos e perda de biodiversidade.

Mudanças climáticas, identificadas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência ligada às Nações Unidas (ONU), aumentam desastres naturais, afetando a distribuição da biodiversidade. Pedro Luiz Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), destaca a urgência de discussões sobre emergência climática e critica a falta de medidas preventivas. “Já é sabido que os eventos climáticos têm se comportado de maneira mais intensa do que usual. E embora as previsões estejam disponíveis com antecedência, associadas a um conhecimento científico consolidado mostrando que os eventos meteorológicos, como as chuvas e as estiagens têm sido mais intensas do que usual, o que tem faltado são medidas preventivas que nos capacitem a um melhor enfrentamento dessas condições extremas”,

O Brasil adota um modelo reativo diante das crises hídricas. Para José Antonio Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), é vital um monitoramento contínuo para fortalecer a resiliência do sistema. “Não temos que esperar o que quer que aconteça durante o pico do evento climático para agir. É importante que haja o monitoramento contínuo de condições que podem levar a uma redução do número de reservatórios, por exemplo, sempre considerando algo contínuo, que não pode parar”.

Leia a reportagem completa:

https://revistacienciaecultura.org.br/?p=5053

Ciência & Cultura