Ao chegar ao Rio de Janeiro em 1950, Johanna Döbereiner encantou-se com a diversidade da flora brasileira e logo começou a trabalhar no Departamento de Microbiologia do Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola, em Seropédica (RJ). A trajetória da cientista, que se tornou um dos maiores nomes da ciência nacional, é abordada em reportagem da edição especial da Ciência & Cultura que celebra seu centenário.
Em uma entrevista de 1983, ela relatou com humor o início de sua trajetória, contando como conseguiu sua vaga ao convencer o diretor da instituição, Álvaro Fagundes, de seu potencial, mesmo sem formação especializada em microbiologia. Persistente, Johanna Döbereiner afirmou que trabalharia de graça se necessário, um gesto que acabou lhe rendendo a contratação como assistente de pesquisa.
Durante as décadas seguintes, desafiou as convenções da época ao defender que as plantas poderiam produzir seu próprio fertilizante através de bactérias fixadoras de nitrogênio, reduzindo a dependência de adubos químicos. Em 1964, com a introdução dessas bactérias no cultivo da soja, ela colaborou para o Brasil seguir um caminho diferente do modelo americano, baseado em fertilizantes sintéticos. Essa prática inovadora gerou uma economia anual de mais de 2 bilhões de dólares ao país e trouxe benefícios ambientais importantes, como a redução da poluição de solos e rios, fortalecendo a sustentabilidade agrícola brasileira. “Johanna Döbereiner é uma grande referência feminina nas Ciências Agrárias, diante da importância que o seu trabalho teve para a pesquisa em microbiologia agrícola no país”, afirma Franquiele Bonilha, engenheira florestal e extensionista rural na Emater-RS/Ascar (Associação Rio-Grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural).
No Semiárido, as contribuições de Johanna Döbereiner também se mostraram fundamentais. Sua pesquisa com bactérias diazotróficas, que transformam o nitrogênio da atmosfera em uma forma absorvível pelas plantas, possibilitou melhorias significativas na fertilidade dos solos pobres da região. Segundo a pesquisadora Magna Maria Macedo Nunes Costa, pesquisadora da Embrapa Algodão, em Campina Grande (PB), essas bactérias desempenham um papel crucial na agricultura local. “Isso possibilita a disponibilização do N, fato muito importante para os cultivos do Semiárido, uma vez que muitos solos dessa região são de baixa fertilidade natural”, explica. A atuação de Johanna Döbereiner foi, portanto, decisiva para a agricultura sustentável, promovendo ganhos econômicos e ambientais para o Brasil.
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