Tags:

Os desafios globais da ciência

Ciência e os desafios globais foi o tema do debate mediado pelo jornalista Luis Nassif no “Seminário Brasil - Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade”, realizado no dia 21/11 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O encontro contou com a participação de William James Shuttleworth, da Universidade do Arizona; Indira Nath, do Instituto Nacional de Patologia da Índia; Sergio Rezende, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Luiz Eugênio de Mello, da Vale e Jailson B. Andrade, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Cientistas participam de debate mediado por jornalista no Seminário Brasil

Ciência e os desafios globais foi o tema do debate mediado pelo jornalista Luís Nassif no “Seminário Brasil – Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade”, realizado no dia 21/11 na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O encontro contou com a participação de William James Shuttleworth, da Universidade do Arizona; Indira Nath, do Instituto Nacional de Patologia da Índia; Sergio Rezende, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Luiz Eugênio de Mello, da Vale e Jailson B. Andrade, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Sergio Rezende lembrou que no passado o conhecimento estava concentrado nos grandes centros como Rio, São Paulo e Belo Horizonte. “Há 40 anos não havia cursos de pós-graduação no Brasil. Começamos de maneira concentrada e depois fomos nos espalhando. Durante o governo Lula houve uma melhoria na distribuição geográfica da ciência, por meio de parcerias com as fundações de apoio à pesquisa. Hoje temos mais de 15 estados brasileiros com fundações funcionando. Estamos numa situação bem melhor”, disse.

Rezende destacou a criação dos campi avançados das universidades federais como importante determinação do governo federal. “São 230 campi no território nacional que permitem que jovens do interior tenham oportunidade de acessar o ensino superior gratuito. Isso vai fazer com que daqui a dez anos o Brasil seja um país diferente”, afirmou.

Indira Nath falou sobre cooperação e desenvolvimento científico. Ela disse que as parcerias são necessárias para se alcançar as soluções. “No meu país precisamos de uma análise sistemática sobre os movimentos migratórios da população para entender questões da saúde. Estamos buscando um modelo que possa conversar com os diferentes aspectos envolvidos”, relatou.

Sobre desenvolvimento sustentável, William Shuttleworth afirmou que existem grandes diferenças de interesses e opiniões sobre o assunto. “O debate se torna mais possível se conseguimos adotar uma abordagem sistêmica. Pessoas que não são especialistas estão entrando no debate. Por exemplo, tenho visto que os argumentos mais usados sobre preservação da Amazônia são apresentados pelos agricultores. Vejo que eles estão entendendo a importância da floresta, responsável por produzir a umidade que ajuda nas plantações”, disse.

Ele mencionou que está no Brasil realizando um trabalho junto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver uma proposta de infraestrutura nacional para assessorar agricultores quanto ao uso da água. “Buscamos identificar os diferentes tipos de produtos agrícolas, principalmente alimentos, que possam ser produzidos com menor quantidade de água. É a hidroecologia”, disse Shuttleworth. Ele acredita que isso ajudará nosso país a, no futuro, ser mais eficiente no uso da água.

Produção de petróleo e degradação ambiental foi o tema proposto para o professor Jailson da UFBA. Para ele, o maior desafio está na demografia e na longevidade. “O aumento populacional requer desenvolvimento energético, com novas formas de energia”, destacou. De acordo com ele, mais de 82% da matriz energética do Brasil é de energia fóssil, principalmente no transporte, repercutindo diretamente nos grandes centros. “Se essa matriz não mudar dificilmente os níveis de poluição vão melhorar”, alertou.

Ciência e melhoria de vida

O Brasil tem uma estratégia clara para fazer chegar a sociedade brasileira os benefícios científicos e tecnológicos? Para o professor Sergio Rezende cada vez mais temos que incentivar as empresas a pesquisar e inovar. “Muitas já descobriram que isso é possível. Diferente da Coreia que começou esse processo há alguns anos, nós começamos a apoiar as nossas empresas há pouco tempo. São as empresas que estão transformando o conhecimento em novos processos e produtos para a população”, explicou.

De acordo com Rezende para a população mais pobre muitas vezes o tipo de conhecimento necessário para melhor as condições de vida é muito simples. Ele citou como exemplo o programa Vocações Tecnológicas realizado pelo governador Arraes. “O objetivo era preparar as pessoas para um trabalho um pouco mais sofisticado, fosse com a ajuda da Informática ou mesmo ensinando a operar um equipamento industrial”, contou.

Para o ex-ministro, o fato de o Brasil ter universidades espalhadas em seu território, facilita muito que o acesso ao conhecimento. “Em algumas situações podemos fazer com que uma tecnologia mais sofisticada, como a energia solar, chegue até as pessoas. Um bom exemplo disso foi o programa Minha Casa, Minha Vida que está usando energia solar em algumas de suas unidades. Mas para isso é preciso vontade do Estado brasileiro”, declarou.

(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)