Helena Nader participou na tarde desta segunda-feira de debate sobre resultados publicados pelo Ranking Universitário da Folha de S. Paulo. Na entrevista, a presidente da SBPC falou sobre o impacto dos cortes de verbas sobre a pesquisa e a necessidade de continuação dos programas de incentivo à CT&I
A presidente da SBPC, Helena Nader, participou nesta segunda-feira, 19, de um debate na TV Folha sobre os resultados do Ranking Universitário da Folha de S. Paulo (RUF), que classifica as 195 melhores universidades brasileiras de acordo com indicadores de pesquisa, inovação, internacionalização, ensino e mercado. A discussão contou ainda com Solon Caldas, diretor da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes).
O jornal Folha de S. Paulo destacou que por quatro anos, desde a criação do ranking, a USP manteve a liderança no RUF, mas nesta edição, a UFRJ a ultrapassou e foi considerada a melhor universidade do País. O resultado, segundo Nader, precisa ser ponderado, uma vez que um dos critérios calculados são os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e a USP não participa da prova. Porém, ressalta a presidente da SBPC, a subida da UFRJ no ranking reflete os resultados do fluxo contínuo de financiamento para pesquisa, especialmente por investimentos da Petrobrás na Coppe-UFRJ. “Isso sinaliza que quando se investe de forma contínua, você colhe frutos”, afirmou.
Nader falou também sobre a necessidade de diversificar as fontes de verbas, especialmente em tempos de cortes no orçamento. Nesse sentido, ela destacou a importância do Marco Legal da CT&I que facilitaria as parcerias do setor industrial com os institutos públicos de pesquisa, além de promover a desburocratização para solicitação de recursos. Porém, os oito vetos impostos na ocasião da sanção da Lei, em janeiro deste ano, inviabilizam esses procedimentos.
O ranking traz dados de 2014, que são os mais atuais disponibilizados pelo MEC – isto é, ele reflete um cenário de 2013. Nader observa que isso deveria preocupar os ministérios da Educação, o da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e gestores, em geral, porque em breve resultados muito negativos começarão a despontar nesse tipo de avaliação.
A internacionalização, um dos indicadores considerados no RUF, é um dado que tende a piorar nos próximos anos, por exemplo. Isso porque, conforme apontou Nader, com o corte de verbas e a consequente descontinuação de pesquisas, cientistas de outros países perdem o interesse de vir desenvolver estudos aqui, uma vez que não têm garantias de continuidade de seus projetos. “Precisamos de uma política de Estado para a educação e a CT&I”, concluiu.
Avaliação
O diretor da Abmes, Solon Caldas, também destacou o problema da falta de dados atuais, que nos leva a sempre trabalhar com números defasados. Ele criticou também a fragilidade do Enade como indicador de qualidade, uma vez que, segundo ele, o aluno recém-formado não tem comprometimento nenhum com os resultados.
Ambos os debatedores concordaram que é necessário buscar uma solução para conseguir um maior engajamento dos estudantes. “Tudo é feito a partir da avaliação”, comentou Caldas.
O programa completo está disponível no site da Folha, neste link.
Jornal da Ciência