2023 foi definido pela Unesco e pelas Nações Unidas (ONU) como o ano internacional da ciência básica para o desenvolvimento sustentável, visando avançar e alertar sobre a Agenda 2030: um plano de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas adotado em 2015 pela Assembleia Geral da ONU. Entre os objetivos estipulados para os países-membros, diversos estão explicitamente ligados a avanços científicos. Entre eles estão a erradicação da pobreza e da fome, a saúde e o bem-estar, a educação de qualidade, a energia limpa e acessível, a ação contra a mudança global do clima, a paz, a justiça e a igualdade de gêneros. O tema é discutido em reportagem da nova edição da revista Ciência & Cultura, que tem como tema “Ciência Básica para o Desenvolvimento Sustentável”.
Desde 2014, mais de 30 países aumentaram seus investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para alinhar seus compromissos com os ODS’s, segundo o Relatório de Ciências da Unesco publicado em 2021. Porém, no Brasil, cerca de 1,15% do PIB é destinado ao setor. Além disso, apesar de ter assumido o compromisso com a Agenda 2030, o país ainda não avançou satisfatoriamente em nenhuma dos ODS’s, segundo o Relatório Luz produzido em 2021 pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil formado por 106 especialistas de organizações não-governamentais, movimentos sociais, fóruns e universidades. Das 169 metas previstas nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável a serem atingidos até 2030, 54,4% estão em retrocesso, 16% estão estagnadas, 12,4% ameaçadas por cortes de verbas e descontinuidade de políticas públicas e 7,7% tiveram progresso insuficiente. Ainda, 15 metas não puderam ser avaliadas por falta de informações disponíveis. “É preciso desmistificar a maneira como a sociedade e o capitalismo se reproduzem sem limites, já que não é possível em um planeta finito haver uma reprodução infinita. Como uma sociedade com recursos finitos lidará com essa finitude e com a justiça social ao mesmo tempo? É este desafio e esta amplitude que precisamos discutir”, alerta Larissa Bombardi, professora da Faculdade de Geografia da Universidade de São Paulo (USP).
O país tem qualidade científica comprovada para produzir conhecimento rumo ao avanço de políticas públicas e sustentáveis, contudo, é indiscutível a necessidade de investimento nas áreas sociais e ambientais para avançar nos ODS’s. “Não pode haver desenvolvimento sem planejamento. Por isso, o papel das ciências, principalmente as básicas, é fundamental no manejo preventivo e precaucional, incluindo uma importância ímpar da ciência em trazer informação ancorada visando mitigar os problemas provocados pela má gestão da natureza e dos bens comuns”, declara José Rubens, professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador do Grupo de Pesquisa Direito Ambiental e Ecologia Política na Sociedade de Risco do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Leia a reportagem completa:
https://revistacienciaecultura.org.br/?p=4401
Chris Bueno, Ciência & Cultura