A desertificação, um processo que pode ser desencadeado tanto por fatores naturais quanto pela intervenção humana inadequada, representa uma ameaça significativa ao Brasil. As mudanças climáticas, aliadas à exploração não planejada dos recursos naturais, podem resultar em danos irreversíveis, desencadeando a desertificação. Isso é o que discute artigo da nova edição da revista Ciência & Cultura, que tem como tema “Biomas do Brasil”.
A desertificação não é um fenômeno isolado, mas sim uma questão global que se tornou mais preocupante nas últimas décadas, especialmente à luz dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). As áreas mais vulneráveis, segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), estão localizadas em zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas. “Problemas socioeconômicos como pobreza, desigualdade social, concentração de terras e exploração de recursos acima da capacidade de suporte do ambiente surgem como intensificadores ao risco à desertificação”, explica Suzana Maria Gico Lima Montenegro, professora no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e diretora-presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC).
No Brasil, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) identifica partes dos Estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e todo o Ceará como áreas suscetíveis à desertificação. O desmatamento da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, é um grande contribuinte para esse fenômeno, gerando processos de desertificação e impactando a biota, o microclima e os solos.
A ciência desempenha um papel crucial na compreensão e mitigação da desertificação. Métodos como o sensoriamento remoto oferecem uma visão abrangente da dinâmica da vegetação, permitindo o monitoramento das mudanças na fenologia da Caatinga. No entanto, desafios significativos persistem, especialmente diante das projeções de mudanças climáticas que indicam um potencial aumento nas áreas suscetíveis à desertificação no Brasil.
Recentemente, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) detectaram regiões áridas no Brasil, evidenciando a gravidade do problema. A Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PNCD), estabelecida em 2015, visa prevenir, combater a desertificação e recuperar áreas afetadas. No entanto, auditorias destacam a necessidade de uma abordagem transversal, envolvendo políticas de recursos hídricos, meio ambiente, desenvolvimento rural, entre outras, para enfrentar efetivamente a desertificação. “O monitoramento e a avaliação são requisitos necessários para a gestão em escala nacional, envolvendo diversos atores sociais e instâncias gestoras”, defende Suzana Montenegro.
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