O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, participou ontem de um encontro com as sociedades científicas associadas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na sede da entidade em São Paulo. A reunião foi coordenada pela presidente da SBPC, Helena Nader. Durante o evento, o ministro apresentou as linhas gerais da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Encti) para o período de 2012-2015. Em contrapartida, ele ouviu as demandas e questionamentos dos pesquisadores representantes das sociedades científicas.
Na avaliação da presidente da SBPC, o encontro foi excelente. “Foi uma deferência do ministro vir até nossa sede e ouvir as sociedades científicas”, disse Helena. “Ele apresentou o que seu ministério vem fazendo e ouviu os pesquisadores, que apontaram os gargalos na área de ciência e tecnologia. Numa verdadeira democracia é assim que deve ser. Só com o diálogo entre a comunidade científica e o governo poderemos alcançar o que queremos para o país.” A presidente da SBPC disse ainda que pretende organizar encontros como o de ontem com mais frequência, inclusive com outros ministérios.
Raupp tem posição semelhante. “O diálogo é fundamental”, declarou. Para o ministro é importante que esses encontros com a comunidade científica aconteçam num momento em que as atividades de ciência, tecnologia e inovação são reconhecidas como fatores estruturantes para o eixo de desenvolvimento do país. “Vivemos um momento ímpar no setor”, afirmou “A ciência, tecnologia e inovação estão promovendo o crescimento do país. Estamos no caminho para colocar o Brasil em posição de destaque no cenário mundial. Mas é fundamental, ter crescimento e investimento sustentáveis. O processo é gradativo.”
Entre os gargalos apontados pelos pesquisadores ao ministro está a questão do financiamento à ciência básica. Embora, segundo o ministro, os investimentos do governo federal no setor estejam em seu maior nível histórica, a comunidade científica demonstrou preocupação com o valor elevado destinado à inovação tecnológica nas empresas, em detrimento da ciência fundamental. “Cresceu muito o dinheiro para inovação, mas os recursos para pesquisa básica não aumentaram na mesma proporção”, disse o físico Ennio Candotti, ex- presidente da SBPC. Para ele, o bom senso recomenda que não se esqueça dessa área.
Também participaram do encontro de ontem o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, o secretário executivo do MCTI, Luiz Antonio Elias, e o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva. (Jornal da Ciência)