O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) estimou em 35 mil aproximadamente o número de pesquisadores brasileiros com títulos de mestrado e doutorado que deixaram o país para trabalhar e viver no exterior em busca de melhores oportunidades nos últimos anos.
O movimento, conhecido como “fuga de cérebros”, levou boa parte deles, senão a maioria, para os Estados Unidos. No momento em que o governo estadunidense dá uma surpreendente marcha a ré em seus investimentos públicos em ciência, o Brasil ganha uma oportunidade única: trazer de volta os “cérebros” que estão lá – os brasileiros e quem mais quiser vir. Essa é a opinião do cientista Ricardo Tostes Gazzinelli, imunologista que conduz o desenvolvimento de uma das vacinas “verde-amarela” contra a covid.
Há um ano, o presidente Luiz Inacio Lula da Silva anunciou o Programa Conhecimento Brasil (BCB) – Atração e Fixação de Talentos, que vai nesse sentido, destinando R$ 1 bilhão em recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para trazer de volta ao país parte daqueles 35 mil pesquisadores.
Mas os valores oferecidos – bolsas entre R$ 10 mil e 13 mil mensais – indicam que o público-alvo do programa são jovens pesquisadores. Não é neles que Gazzinelli está pensando. “Esse programa que eles lançaram era para um pesquisador em início da carreira. Estou falando de trazer uma liderança, o que é totalmente diferente”, afirmou o cientista, alertando que “o Brasil deve pensar nisso, e “pensar rápido”, do contrário os grandes cérebros podem ser atraídos para outros países. “É uma oportunidade única e que nós não podemos perder”, frisou.
A nova edição do Jornal da Ciência Especial traz esta e outras abordagens sobre decisões do novo governo estadunidense que impactam diretamente a saúde, a educação, a ciência e o meio ambiente. Cientistas, pesquisadores e especialistas foram entrevistados para ajudar a avaliar as medidas e as perspectivas da nova (des) ordem mundial acelerada a partir dos EUA.
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Janes Rocha – Jornal da Ciência