“É muito importante o investimento público em ciência. Não podemos parar com isso”

O professor aposentado da Universidade Estadual de Santa Cruz, Nestor Correia dos Santos, é um dos mais de 50 pesquisadores que já enviaram seus depoimentos para a campanha “Ciência, pra que ciência?”, da SBPC. O objetivo é chamar a atenção para o impacto que as pesquisas têm no desenvolvimento econômico e social do País e como os cortes orçamentários impedem o desenvolvimento de estudos importantes, comprometem o futuro da ciência e dos cientistas e trazem prejuízos para toda a população

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Em resposta aos cada vez mais severos cortes que estão desmantelando o sistema nacional de C&T brasileiro, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) criou a campanha “Ciência, pra que Ciência?”, para divulgar depoimentos em vídeo de estudantes e pesquisadores sobre a importância de seus trabalhos e como o financiamento público é vital para garantir o desenvolvimento e continuidade dessas pesquisas. A campanha já recebeu mais de 50 vídeos, que vêm sendo divulgados nas redes sociais da SBPC e podem ser acessados no canal do YouTube da entidade. O objetivo é chamar a atenção para o impacto que as pesquisas têm no desenvolvimento econômico e social do Brasil e como os cortes severos impostos pelo governo às duas principais agências de fomento do País – Capes e CNPq – impedem o desenvolvimento de estudos importantes para o Brasil, comprometem o futuro da ciência e dos cientistas e trazem prejuízos para toda a população.

O professor aposentado Nestor Santos Correia, da Universidade Estadual de Santa Cruz, diz, em um dos vídeos da campanha, sobre como as bolsas do CNPq e da Capes possibilitaram sua formação como pesquisador – do mestrado ao pós-doutorado na Universidade de Uppsala, na Suécia. E graças a essa sólida formação, ele contribuiu para a formação de centenas de pesquisadores aqui no Brasil. “É muito importante o investimento público em ciência. Não podemos parar com isso. Isso me deu não só a possibilidade de me formar, como de trabalhar em oito universidades públicas, no Brasil e na Suécia. Formei muitos alunos, de mestrado, doutorado, graduação. E trabalhei em popularização da ciência, no Caminhão Com Ciência, na Uesc, onde continuo trabalhando. E ainda faço pesquisa na universidade de Uppsala. Tudo de graça, não tenho mais salário. Sou aposentado”, declarou.

Pesquisadora do Observatório Nacional, Suze Guimarães, conta em seu depoimento que com sua bolsa desenvolve pesquisas na área de energia sustentável. “As bolsas são importantes porque promovem esse desenvolvimento”. Segundo ela, todos devem dizer não aos cortes: “Essas bolsas são de extrema importância para o desenvolvimento do País”.

Marcela Ramos, professora e pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), também defende o investimento público em ciência e tecnologia no Brasil. Ela desenvolve pesquisas na área de imunologia cardiovascular, estudando alterações cardíacas decorrentes de alterações imunológicas – pesquisas que necessitam de financiamento público e de um grande grupo de pesquisadores trabalhando em conjunto. “Esses cortes terão um impacto muito grande no que tange ao financiamento à pesquisa e aos recursos humanos. É importante que nós, comunidade científica, lutemos ao máximo por melhoras na ciência e tecnologia do País”, conclama.

Outro vídeo que soma forças à campanha “Ciência, pra que Ciência?” é o da professora da Escola de Educação Física e Esporte, da USP, Edilamar de Oliveira. Segundo conta, seu laboratório pesquisa os efeitos benéficos do exercício físico nos genes, estudos que resultarão em breve em tratamentos para pacientes com problemas cardíacos. “Precisamos de verbas para continuar esses estudos. Se cortarem as verbas das nossas universidades, não teremos como dar continuidade a esses estudos”, diz.

A SBPC convida todos os estudantes e pesquisadores, desde a iniciação científica até a pós-graduação, bolsistas e ex-bolsistas, profissionais de todas as áreas e todos os amigos da ciência a participar da campanha #cienciapraqueciencia e compartilhar suas histórias sobre a importância da ciência para suas vidas e para o Brasil. “Vamos inundar o país, as redes sociais, os meios de comunicação com pessoas dizendo por que a ciência é importante, por que ela deve ser apoiada, por que ela não deve ser destruída nesse momento”, conclama o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.

Para participar, basta gravar um breve vídeo, com duração de 30 segundos a um minuto, acessar este link, preencher um breve formulário e seguir as instruções para carregá-lo. O depoimento pode ser gravado em celular mesmo, em alta definição, com o aparelho na horizontal. Mande seu vídeo e demonstre seu apoio à ciência brasileira!

Daniela Klebis – Jornal da Ciência