A ciência e a educação superior foram duramente atingidos nos últimos anos, seja por sucessivos cortes orçamentários e contingenciamento de recursos, seja pela negação da evidência científica. Diante desse cenário, é importante elencar os desafios atuais que devem ser enfrentados pela pesquisa, pela educação e pelas atividades inovadoras no país. Isso é o que defende artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que tem como tema “Universidade do Futuro do País”.
Para tanto, é necessário mudar o perfil da economia, que tem inibido investimentos, prospectar as tecnologias emergentes e buscar um planejamento estratégico de longo prazo que contribua para o desenvolvimento sustentável do país, nos âmbitos econômico, social e ambiental. Segundo Luiz Davidovich, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esse planejamento deve considerar a agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que estão diretamente ligados a questões fundamentais do Brasil: erradicação da pobreza e da fome, agricultura sustentável, saúde e educação de qualidade, energia e água acessíveis e limpas, combate às alterações climáticas, igualdade de gênero, vida terrestre – incluindo a importante questão de preservação dos biomas brasileiros – entre outros. “Cada um desses itens corresponde a um desafio para o Brasil e vai necessitar de ciência, tecnologia e inovação para ser enfrentado”, defende o pesquisador.
Pensar a educação, a pesquisa e a inovação no Brasil requer também identificar os obstáculos que atravancam o desenvolvimento nacional, como a pobreza e a imensa desigualdade social e regional, que reduz o contingente populacional capaz de contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico do país; a precária escolaridade da população e uma educação básica deficiente, que impacta negativamente a economia e o processo de inclusão social; a reduzida penetração na população do conhecimento científico, facilitando a propagação do negacionismo e das fake news; a contínua queda de produtos de maior conteúdo tecnológico no parque industrial e na pauta de exportações do país; a burocracia extrema, associada à frequente judicialização de iniciativas científicas, educacionais e empresariais; a avaliação deficiente do retorno dos recursos empregados, que enfatiza mais os meios que os resultados.
“O Brasil precisa de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, que seja inclusivo, beneficiando a população e promovendo o protagonismo internacional do país”, afirma Davidovich.
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