A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizou nesta terça-feira, 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, a cerimônia de entrega do 6º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, este ano na categoria Meninas na Ciência, em São Paulo.
Foram seis vencedoras, três na categoria Ensino Médio e três na Graduação. Nesta 6ª edição, as estudantes vencedoras na categoria Ensino Médio receberam um prêmio em dinheiro no valor de R$ 7 mil cada e as da Graduação, R$ 10 mil cada uma. Além do prêmio em dinheiro, as seis laureadas terão acesso a uma série de oportunidades para impulsionar suas carreiras científicas. Elas apresentarão seus projetos na 77ª Reunião Anual da SBPC, que ocorrerá em julho de 2025, em Recife (PE), e participarão de uma mentoria exclusiva com pesquisadores de destaque, ampliando suas perspectivas acadêmicas e profissionais.
As premiadas também foram contempladas com uma visita guiada ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas onde está localizado o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a única fonte de luz síncrotron da América Latina.
Lançado em 2019 e alternando a cada ano as categorias “Mulheres Cientistas” e “Meninas na Ciência”, a SBPC teve para a premiação deste ano 765 indicações válidas de estudantes do Ensino Médio e Graduação de todo o País, representando um aumento de 71,5% em relação à edição anterior, em 2022.
“Não podemos esquecer que quando estamos premiando vocês, estamos premiando o Brasil, estamos premiando as mulheres, estamos premiando o futuro em geral. Cada uma de vocês porta um conjunto de valores e de possibilidades que ultrapassa a personalidade de vocês”, comentou o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, em pronunciamento por vídeo.
Destacando o número recorde de inscrições, a vice-presidente da SBPC e coordenadora desta edição do prêmio, Francilene Garcia Procópio, falou das mudanças implementadas neste ano, com a inclusão de coordenadores da iniciativa “SBPC vai à Escola” entre os avaliadores dos trabalhos apresentados e a premiação em dinheiro possibilitada pelos patrocinadores, entre elesl, instituições renomadas como a Fundação Conrado Wessel, o Instituto Serrapilheira e a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). “Isso é fundamental para as meninas que estão construindo sua carreira científica”, comentou.
Ao apresentar as vencedoras na área de Humanidades, a diretora da SBPC, Fernanda Sobral, chamou a atenção para a diversidade regional e de instituições das candidatas e os temas de pesquisa por elas escolhidos, “todos candentes” como as questões racial e de gênero, o desenvolvimento sustentável e a Inteligência Artificial. “O futuro me dá esperança quando eu vejo o trabalho dessas meninas”, afirmou.
Sobral entregou o troféu para a estudante Isadora Abreu Leite, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), premiada pelo projeto “Sementes da Maré: saberes e fazeres de marisqueiras da costa de manguezais de macromaré da Amazônia”. Emocionada, Isadora disse que estava honrada de ser a única nordestina, representando as cientistas de seu estado.
Na mesma área, Humanidades, a premiada da graduação foi Angélica Azevedo e Silva, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), pelo trabalho “Diagnóstico das dimensões da sustentabilidade urbana no município de Cavalcante (GO) e Urbanismo Kalunga: sustentabilidade, ancestralidade e identidade”.
A diretora da SBPC, Laila Salmen, que apresentou as vencedoras na área de Biológicas e Saúde, citou o cantor e compositor Milton Nascimento para saudar as meninas premiadas que ela chamou carinhosamente de “Carolinazinhas”, em referência a Carolina Bori: “Mas renova-se a esperança, nova aurora a cada dia e há que se cuidar do broto para que a vida nos dê flor, flor e fruto”. As premiadas receberam os troféus das mãos da presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader.
No Ensino Médio, a vencedora dessa área do conhecimento foi Ana Elisa Brechane da Silva, estudante da Escola Estadual Prof.ª Maria das Dores Ferreira da Rocha, de Santa Rita d ́Oeste (SP), pelo trabalho “ConnectBreathe: Sistema Biomédico Multiplataforma para Fisioterapia Respiratória com Gameterapia”. Na graduação, Beatriz Oliveira Santos, estudante do curso de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, pelo trabalho “Projeto de Pesquisa: Disputas e Arranjos em Torno da Alimentação no Contexto Prisional”.
Francilene Procópio Garcia entregou os prêmios na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra. “Tivemos a grata satisfação de receber trabalhos ricos, diversos, com profunda conexão com as problemáticas que enfrentamos nos dias atuais”, comentou.
No Ensino Médio, a vencedora foi Millena Xavier Martins, estudante do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), pelo trabalho “Autinosis: Inteligência Artificial na Triagem do Diagnóstico de Autismo”. Na graduação, o prêmio foi para Narayane Ribeiro Medeiros, estudante do curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Tecnológico de Aeronáutica pelo trabalho “Modelagem Preditiva e Visualização Interativa de dados geoespaciais de Emissões de Gases de Efeito Estufa”.
“Nunca pensei na minha vida chegar até aqui”, disse Lucia Ferreira da Silva, estudante do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal do Amapá, campus Porto Grande, que recebeu a menção honrosa pelo trabalho “Associativismo e o fortalecimento de lideranças femininas da Associação dos Artesãos de Porto Grande”. Mirlene Simões, secretária regional da SBPC, que integrou o júri da área de Ciências humanas, disse que o prêmio a Lucia Silva, um mulher de 44 anos, que, superando todas as adversidades, tem persitindo heroicamente, em seguir a carreira científica, “foi concedido por unanimidade pela comissão julgadora”.
Assista à cerimônia na íntegra pelo canal da SBPC no Youtube
Janes Rocha – Jornal da Ciência