Durante uma reunião de trabalho na Assembleia Legislativa de Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada em 29 de outubro, parlamentares e membros da comunidade científica discutiram a tentativa de interferência política na Faperj após o pedido de exoneração do presidente [e membro titular da Academia Brasileira de Ciências] Jerson Lima Silva, feito pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes, ainda aguardando a assinatura do governador Cláudio Castro.
A deputada Elika Takimoto, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Alerj, destacou dificuldades no diálogo com o governo sobre outros temas envolvendo a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e reforçou a importância de manter a mobilização para a audiência pública na Alerj marcada para 1º de novembro. Ela mencionou que uma reunião com o governador está sendo negociada, assim como a convocação do secretário de C&T para participar da audiência.
Dani Balbi, também deputada, apresentou seu projeto de lei, elaborado com apoio da comunidade científica, propondo a adoção de uma lista tríplice para a nomeação da presidência da Faperj, garantindo mais autonomia à instituição. Ela anunciou ainda uma reunião com a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, para tratar do assunto antes da audiência. A deputada estadual Martha Rocha, por sua vez, ressaltou que cerca de 20 deputados estão mobilizados para manter a plenária aberta e fortalecer o diálogo.
A vereadora eleita Tatiana Roque destacou que a indicação também deve ter respaldo da comunidade científica, não pode ser alguém com apenas o título de doutorado. O deputado estadual Carlos Minc também sublinhou a necessidade de que o futuro presidente da Faperj tenha competência técnica e que a instituição preserve sua autonomia, sem influências partidárias. Ele reforçou o papel da comunidade científica na escolha de candidatos qualificados e destacou a importância da união para barrar retrocessos.
A cientista [e membra titular da ABC] Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, diretora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), lembrou que a SBPC e a ABC enviaram uma carta ao governador, pedindo que a exoneração fosse revertida, mas não obtiveram resposta. Ela mencionou que essas instituições já defenderam a Faperj em ocasiões anteriores, especialmente na manutenção do orçamento.
Já a cientista Maria Domingues Vargas, diretora da ABC e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), comparou a situação com a fundação de Minas Gerais, na qual a autonomia foi reduzida por decreto. O projeto de resolução que tenta reverter essa medida ainda aguarda votação na Assembleia Legislativa de MG.
Além disso, Luciana Lopes, representante dos funcionários da Faperj, elogiou os avanços da instituição em ciência, tecnologia e inovação, destacando as parcerias internacionais alcançadas sob a gestão de Jerson Lima e sua equipe qualificada. O cientista Thiago Signorini Gonçalves, diretor do Instituto de Astronomia da UFRJ e da SBPC no RJ, também ressaltou a importância da Faperj no financiamento de pesquisas, especialmente após a redução de recursos federais.
Encerrando a reunião, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reitor da UFF e representante do Fórum de Reitores do RJ, destacou o engajamento das universidades estaduais na defesa da Faperj fez um apelo por maior mobilização da sociedade. Neste sentido, Natalia Trindade, estudante de doutorado e representante da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), apresentou a campanha digital em defesa da fundação, incentivando o uso da hashtag #eudefendoafaperj, marcando o governador @claudiocastrorj, para pressionar o governo nas redes sociais.