Representante do Governo demonstra reconhecer os problemas da área de CT&I
O encontro promovido pela SBPC, na véspera do feriado de Páscoa, foi importante para aproximar o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, da comunidade científica. Além de demonstrar conhecer as preocupações e os gargalos que rondam a área de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), ele pode mostrar seu conhecimento no setor. Esta é a avaliação dos membros da diretoria da SBPC presentes no evento, que reuniu representantes de cerca de 60 sociedades científicas.
A presidente da SBPC, Helena Nader, disse que quem saiu ganhando com o encontro foi a ciência. “O encontro foi muito importante porque o ministro ouviu as preocupações e os gargalos das sociedades científicas, como o escasso andamento dos financiamentos da ciência e de algumas legislações que estão atrapalhando o crescimento do País”, disse.
Edna Maria Ramos de Castro, socióloga do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, da Universidade Federal do Pará (UFPA), secretária da SBPC, também avaliou o encontro como “muito oportuno”. “A SBPC está de parabéns pela realização deste evento, onde a comunidade pode levantar questões que ele poderá levar em consideração durante o planejamento deste ano”, disse. E completa, “as questões levantadas aqui colocam em xeque a situação da área de C,T&I em relação ao governo brasileiro, como por exemplo, a falta de recursos, as carências de recursos nas diferentes áreas de conhecimento, na realização de pesquisa, nos planos institucionais e também na pós-graduação”.
Para Dora Fix Ventura, vice-presidente da SBPC, o encontro foi ótimo e o ministro se mostrou atento às questões da comunidade científica. “Ele se mostrou coerente, com humildade, sem falar que ele tem familiaridade com os temas, já que acaba de sair da posição de reitor”, disse ao lembrar que ele era reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ennio Candotti, também vice-presidente da SBPC, avaliou que todo início é de expectativas e de um elenco de dificuldades. “Espero que este dois pontos sejam trabalhados juntos para termos sucesso. Sei que há uma grande disposição do ministro de fato para trilhar este caminho, mas o quadro é preocupante porque ele não promete milagres”, disse ao lembrar que Campolina foi realista durante seu discurso.
Marcelo Marcos Morales, também secretário da SBPC, disse que o ministro foi elegante ao colocar de “forma clara o posicionamento do Ministério de que está aberto ao diálogo com a comunidade científica e que está bastante sensível aos fatos como a falta de recursos, da necessidade de investimento, ampliação do parque tecnológico nacional e o cuidado com os cientistas”, disse.
Edna ressaltou ainda que, embora o ministro tenha se mostrado aberto a conhecer e na medida do possível, resolver problemas apontados pela comunidade, ele não respondeu a pergunta da presidente da Sociedade Brasileira de Antropologia (ABA), Carmem Rial, sobre a exclusão da área de humanas e ciências sociais do programa Ciência sem Fronteiras (CsF). “Será que ele não poderia, sendo alguém da área de ciências sociais aplicadas, repensar e influenciar a inclusão da área ao programa?”, questionou Edna.
(Vivian Costa/SBPC)