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Amazônia trabalha para atrair e fixar doutores

Com um número reduzido de doutores em seus quadros docentes, as universidades da região amazônica têm encontrado dificuldades em abrir programas de pós-graduação e não conseguem captar recursos suficientes para melhorar sua infraestrutura de pesquisa. A maioria das vagas abertas nas universidades e nos institutos de pesquisa é preenchida por não doutores, ou seja, por docentes e pesquisadores que têm o título, no máximo, de mestre. Para mudar essa realidade, elas têm se esforçado para atrair e fixar doutores na região.
Deficiências na infraestrutura da região dificulta interesse de pesquisadores pela região Norte.
Com um número reduzido de doutores em seus quadros docentes, as universidades da região amazônica têm encontrado dificuldades em abrir programas de pós-graduação e não conseguem captar recursos suficientes para melhorar sua infraestrutura de pesquisa. A maioria das vagas abertas nas universidades e nos institutos de pesquisa é preenchida por não doutores, ou seja, por docentes e pesquisadores que têm o título, no máximo, de mestre. Para mudar essa realidade, elas têm se esforçado para atrair e fixar doutores na região. 
Esse ‘retrato’ foi mostrado durante o encontro “Pós-Graduação em ensino na região Amazônica: avanços e desafios”, uma das atividades da última sexta-feira, 25, da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realiza até este domingo, 27, na Universidade Federal do Acre, em Rio Branco.
O encontro contou com a presença de Tânia Araujo Jorge, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Marta Maria Pontin Darsie, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT); Gilberto Melto, da Ufac; Augusto Fachin, da Universidade Estadual da Amazônia (UEA); e Tadeu Oliver Gonçalves, da Universidade Federal do Pará (UFPA), entre outros.
Gonçalves, da UFPA, ressaltou as dificuldades e atribui o número baixo de doutores à falta de infraestrutura da região. “Somos um destino menos atrativo para pesquisadores que as universidades das outras regiões. Não temos escolas particulares, grandes shoppings, sistema de saúde [de primeira linha]. Dificilmente os pesquisadores querem submeter suas famílias a isso”, disse.  
Para Gonçalves, o governo precisa trabalhar em uma política específica voltada para o Norte e assim melhorar sua infraestrutura de pesquisa, fazendo com que haja desenvolvimento científico e tecnológico para ter as mesmas condições das demais regiões.
Marta Maria, da UFMT, listou outros problemas enfrentados na região, como a constante discrepância regional (região Norte x nacional) em relação aos indicadores de competência científica e tecnológica e de educação em ciências e matemática, insuficiência de professores no ensino básico e carência de doutores nas licenciaturas em ensino de ciências e matemática. Ela citou também os baixos indicadores da região na Prova Brasil e no Exame Nacional do Ensino Médico (Enem), o que revela a carência de professores e a baixa qualidade na sua formação.  
Soluções
Marta Maria, da UFMT, disse que para melhorar os índices de doutores na região foi criada a Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática. Entre os principais objetivos da Reamec está a formação de pesquisadores, em nível de doutorado, na área de ensino de ciências e matemática, de modo a produzirem conhecimentos e assegurarem a formação docente altamente qualificada, com especial atenção às questões da Amazônia.  Segundo Maria Marta, a ideia foi deflagrada em 2008 no Fórum de Pró-Reitores de Pós-Graduação dos Estados da Amazônia Legal, juntamente com a Capes.
Ela explicou que a meta prevista até 2020 é formar 140 novos doutores para a região, que, somados aos que já estão estudando, chegarão a cerca de 220 doutores com titulação, produção e experiência na área de pesquisa e ensino em ciências e matemática.
Já Gilberto Melto, da Ufac, disse que a Universidade tem trabalhado para melhorar seu programa de pós-graduação em ensino de ciências e matemática, mas encontra dificuldades, especialmente a falta de recursos. “A Capes não fornece recursos suficientes para mestrados profissionais em ensino, faltam bolsas para os mestrandos e não há liberação, ou há apenas liberação parcial, dos professores pelas Secretarias Estadual e Municipal de Educação”, disse.
Augusto Terán, da UEA, por sua vez, apresentou o trabalho feito pelo curso de pós-graduação de sua universidade. “Queremos melhorar não só a quantidade de doutores formados como também a qualidade. Para isso, temos como desafio entre 2013-2015 formar 50 mestres em educação em ciências, atingir nota quatro ou cinco na Capes, propor e aprovar o doutorado educação em ciências na Amazônia e interiorizar o Programa, além de credenciar pelo menos quatro professores”, disse Terán. Ao finalizar, ele enfatizou que “o curso é novo e já estamos colhendo alguns frutos, mas a ideia é melhorar cada vez mais. Para isso, precisamos de recursos”.

(Vivian Costa/SBPC)