Ainda na graduação, a bióloga Inajara Gomes, 36 anos, começou a trilhar o caminho como pesquisadora: em 2014, começou como bolsista de iniciação científica. Três anos depois, foi aprovada no mestrado em Ecologia e Biomonitoramento na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e esperava seguir por ali. Faria o doutorado e, depois, um concurso para professora em alguma universidade federal.
O que ela não imaginava era que, em pouco mais de dois anos, estaria de malas prontas para Viena, na Áustria – e não exatamente porque era o plano A, mas por falta de alternativa.
“Defendi o mestrado em 2019 e já estava no meio da crise. Minha orientadora não tinha mais como orientar aluno de doutorado porque não fazia ideia se ia conseguir bolsa. Bateu o desespero: o que eu faço agora? Tinha dedicado cinco anos da minha vida ao laboratório”, lembra ela, hoje aluna de doutorado na Universidade Boku, onde desenvolve estudos sobre tratamento fitossanitário para mosca de fruta.
Sem possibilidade de financiamento no Brasil, o aeroporto surgiu como a única saída. Inajara já tinha até começado a trabalhar em shopping, como um bico, até que encontrasse uma oportunidade. Foi quando conversou com uma pesquisadora baiana que também tinha sido orientada pela mesma professora dela. A colega já trabalhava fora do país e costumava levar estudantes brasileiros para estágio na Áustria.
“Ela disse: ‘é um estágio mesmo, um ano, bolsa pequena. Como você encara isso?’. Eu disse ‘melhor do que não ter perspectiva’. Pelo menos eu estaria trabalhando no que gosto. A gente estuda para ter um bom currículo e aqui não podem te pagar o preço que você vale, porque você é bom demais”, conta.
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