A crescente preocupação global com as mudanças climáticas, impulsionada pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE) como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), destaca a necessidade urgente de ações eficazes. No Brasil, a agropecuária é uma das principais fontes dessas emissões. Em resposta, o país, ao ratificar o Acordo de Paris, comprometeu-se a reduzir suas emissões de GEE e a aumentar a remoção desses gases da atmosfera, adotando medidas como a ampliação da bioenergia na matriz energética e a implementação de práticas agrícolas sustentáveis. Isso é o que discute artigo da nova edição da Ciência & Cultura, que traz como tema “Mudanças climáticas e a transversalidade do conhecimento”.
Como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, o Brasil possui uma diversidade de condições de solo e clima que, aliadas ao uso de tecnologias modernas, fortalecem o setor agropecuário. No entanto, ainda há um grande potencial para aprimorar o manejo do solo por meio de práticas conservacionistas que, além de protegerem as funções ecossistêmicas do solo, promovem a sustentabilidade a longo prazo. “O Brasil é um dos maiores produtores de commodities e serviços agrícolas do mundo. A diversidade das condições de solo e clima, aliada ao uso de tecnologia moderna, oferece vantagens significativas para o crescimento do setor agropecuário”, explica Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, professor do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP e Diretor do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON/USP).
A recuperação de pastagens, que ocupam 70% da área agrícola global, é outro ponto crucial. A intensificação da pecuária e o manejo adequado das pastagens são fundamentais para aumentar a produtividade e a sustentabilidade ambiental. A recuperação de pastagens degradadas, aliada ao uso de insumos como fertilizantes e leguminosas forrageiras, pode resultar em um significativo aumento nos estoques de carbono no solo, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. “Nos últimos anos, a agricultura brasileira tem adotado sistemas integrados de cultivo para aumentar a eficiência produtiva e melhorar os serviços ecossistêmicos em áreas de pastagens degradadas”, pontua Carlos Cerri.
A adoção de sistemas de manejo conservacionistas tem o potencial de transformar o setor agropecuário, reduzindo as emissões de GEE e aumentando o sequestro de carbono no solo. No entanto, é necessário que essas práticas sejam reconhecidas e incentivadas por políticas públicas, para que a agropecuária brasileira possa se consolidar como um setor sustentável e eficiente na mitigação das mudanças climáticas globais.
Leia o artigo completo:
Ciência &Cultura