O olhar da ética em nossa sociedade e como ela está presente no sentido de pertencimento das pessoas foram temas da palestra que o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, apresentou no Summit Cidades 2024 nessa terça-feira, 26. Dedicado a gestores públicos, prefeitos, vereadores e atores empresariais, o evento busca refletir sobre o desenvolvimento dos municípios, atrelando aspectos econômicos e sociais. O encontro segue com atividades até esta quarta-feira, dia 26, em Florianópolis.
“O Summit Cidades é um evento anual, realizado em Florianópolis, que discute como nós podemos melhorar a condição das cidades de todos os pontos de vista: ético, político, ambiental, trânsito, transporte urbano, entre outros. É um encontro muito abrangente, que proporciona um conhecimento muito intenso”, detalhou Janine Ribeiro.
Em sua apresentação, o presidente da SBPC destacou a necessidade crescente de incorporar a discussão sobre a ética no desenho de políticas públicas.
“Ao contrário de muito do que se diz, a demanda pela ética segue crescendo. Por exemplo, condutas antiéticas que eram aceitas no passado, como assédio moral e sexual ou preconceito de gênero, raça e idade, hoje são questionadas”, pontuou o filósofo, que também é professor da Universidade de São Paulo (USP).
Entretanto, Janine Ribeiro ressaltou que não é papel da ética ditar as condutas societárias. “A ética não é um código do que é certo ou errado, mas sim um questionamento constante da nossa sociedade, sempre em busca de uma vida boa a todos.”
O presidente da SBPC concluiu que, em sociedades capitalistas como as atuais, fortalece-se o indivíduo, o que por um lado o liberta de amarras antigas e perniciosas, mas, por outro, enfraquece sensivelmente o compromisso social, correndo-se o risco de se gerar uma guerra de todos contra todos.
“Na sociedade atual, ocorre uma grande diminuição do pertencimento nacional, o que é compensado por pequenos pertencimentos e identidades. Há a intensificação da luta por políticas identitárias, o que, principalmente aqui no Brasil, se classifica pela defesa das minorias, que é uma luta social, positiva na reivindicação de direitos justos, mas que traz o risco de fechar cada grupo sobre si.”
A programação do Summit Cidades 2024 segue nesta quarta-feira, 26 de julho. Mais informações no site oficial do evento.
Rafael Revadam – Jornal da Ciência