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Apresentada declaração final do 6º FMC

A organização do 6º Fórum Mundial de Ciência divulgou hoje a declaração final do evento, que recomenda que a comunidade científica faça uma autorreflexão para avaliar adequadamente as suas responsabilidades, deveres e regras de conduta. Dentre outras recomendações, estão a cooperação científica internacional e ações nacionais coordenadas para o desenvolvimento sustentável global. Segundo o documento, a realização do evento fora da Hungria foi parte de uma estratégia que permitiu que o fórum se beneficiasse da contribuição de potências científicas emergentes.
A organização do 6º Fórum Mundial de Ciência divulgou a declaração final aprovada pelo 6 º Fórum Mundial da Ciência encerrado hoje (27/11) no Rio de Janeiro. Realizado entre 24 e 27 de novembro, o encontro teve a presença de mais de 700 pesquisadores e representantes de 120 países.  De acordo com o documento divulgado hoje, a realização do evento fora da Hungria foi parte de uma estratégia que permitiu a contribuição de potências científicas emergentes.
 
Dentre as recomendações aprovadas pelos participantes, estão a cooperação científica internacional e ações nacionais coordenadas para o desenvolvimento sustentável global. “Num sistema global complexo, com interdependências ambientais, econômicas e sociais, o desenvolvimento sustentável só é possível  quando os esforços globais e nacionais são coordenados”, diz o texto.
 
Outra recomendação diz respeito à educação para a redução das desigualdades e promoção da ciência e inovação global e sustentável. “Proporcionar educação de qualidade em ciência, tecnologia e engenharia deve ser considerada uma prioridade”, diz a declaração que classifica a educação básica como elemento fundamental da cultura moderna e componente vital da capacidade de um país para competir na economia global.
 
O entendimento é de que os governos precisam investir fortemente em educação, e promover mudanças profundas na educação científica. Essas ações, segundo as proposições, devem estar intimamente relacionadas à inclusão social, à prosperidade,  cidadania efetiva, e à construção de um futuro sustentável para o planeta.  “A sustentabilidade global requer o envolvimento de todos os membros da sociedade, em particular, a inclusão de mais mulheres na ciência”, recomenda.
 
No ensino superior, são encorajadas  abordagens interdisciplinares e cooperativas a fim de atender às necessidades complexas das sociedades contemporâneas e das indústrias modernas. “Na era atual, a cooperação internacional é essencial para atender às necessidades de recursos humanos altamente qualificados”, argumenta o texto que salienta a necessidade de uma conduta responsável e ética da investigação e inovação.
 
De acordo com as propostas, na era da ciência global, a comunidade científica deve fazer uma autorreflexão para avaliar adequadamente as suas responsabilidades, deveres e regras de conduta em pesquisa e inovação. “A comunidade científica internacional deve partilhar um código universal de conduta que aborde  direitos, liberdades e responsabilidades dos pesquisadores científicos e regras universais da pesquisa científica”, propõe.
 
A declaração reforça a ideia de que essas regras e políticas devem ser respeitadas por todos os países. “Para evitar possíveis danos causados pela ignorância ou má avaliação das consequências das novas descobertas e aplicações de conhecimento científico”, alerta.
 
Os cientistas devem assegurar a primazia dos interesses morais e sociais sobre os interesses econômicos e políticos. “A inclusão social, como parte fundamental do desenvolvimento sustentável, é um imperativo ético e estratégico da pesquisa científica, tecnologia e da inovação”, observa o texto que também recomenda o diálogo entre governos, sociedade, indústria e mídia.
 
A fim de cumprir as metas globais de sustentabilidade, foi considerada a extrema importância de se envolver a sociedade e capacitá-la a participar de discussões sobre questões ambientais, éticas e morais e sobre os níveis de consumo insustentáveis.  Ao poder público é recomendada a responsabilidade de promover novos padrões e atitudes para o uso sustentável e responsável dos recursos da Terra.
 
O envolvimento dos meios de comunicação foi considerado  fundamental para a difusão do conhecimento científico e das decisões políticas na área. Nesse sentido, a integração das ciências naturais, engenharia e ciências sociais foi classificada como essencial para a concepção de ações políticas eficazes que abordem questões globais de sustentabilidade.
 
Também são recomendados mecanismos sustentáveis para o financiamento da ciência. Lembrando que as descobertas científicas são a base para a inovação e o desenvolvimento social e econômico, o documento afirma que o investimento em ciência é uma oportunidade para enfrentar os desafios globais internacionalmente.
 
A comunidade científica e as academias de ciências são conclamadas pela declaração a apoiar programas globais de sustentabilidade e a participar de discussões com os governos e a ONU (Organização das Nações Unidas). “Cientistas, políticos e sociedade precisam estar envolvidos nesse processo, em nível nacional, regional e global, pois isso será fundamental para pavimentar o caminho para alcançar o desenvolvimento sustentável global. O Fórum Mundial da Ciência, realizado no Rio de Janeiro, portanto, compromete-se a promover o uso da ciência para o desenvolvimento sustentável”, conclui o texto.
 
Íntegra do documento em inglês:
 
(Mario Nicoll / Jornal da Ciência)