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Eduardo Campos quer investir 2% do PIB em CT&I

A Academia Brasileira de Ciências promoveu um debate com os candidatos a presidente e vice presidente da República, Eduardo Campos e Marina Silva, na tarde do último dia 5 de agosto, em sua sede no Rio de Janeiro. O encontro, como acontece em outras eleições, tem o objetivo de conhecer as propostas e ideias dos candidatos sobre as políticas públicas nas áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação. Com auditório lotado por representantes da comunidade científica e membros da equipe de campanha dos candidatos, a sessão foi aberta pelo presidente da ABC, Jacob Palis, que logo passou a palavra aos dois políticos.
Candidato teve encontro com cientistas na ABC
A Academia Brasileira de Ciências promoveu um debate com os candidatos a presidente e vice presidente da República, Eduardo Campos e Marina Silva, na tarde do último dia 5 de agosto, em sua sede no Rio de Janeiro. O encontro, como acontece em outras eleições, tem o objetivo de conhecer as propostas e ideias dos candidatos sobre as políticas públicas nas áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação. Com auditório lotado por representantes da comunidade científica e membros da equipe de campanha dos candidatos, a sessão foi aberta pelo presidente da ABC, Jacob Palis, que logo passou a palavra aos dois políticos.

Marina Silva lembrou que esteve em um encontro organizado durante a 66ª. Reunião Anual da SBPC, no último dia 24 de julho, em Rio Branco, Acre, onde recebeu da presidente da SBPC, Helena B. Nader, o documento preparado pela ABC e pela SBPC dirigido a todos os candidatos à Presidência no próximo pleito. Para a candidata, “o Brasil ainda não conseguiu transformar conhecimento em bem estar, serviços e produção para a sociedade, pois não investe em educação com qualidade”. Marina também afirmou que é fundamental investir na “educação política da população, pois o nosso atraso político é ainda maior do que o atraso econômico”. Finalizou dizendo que “não estamos aqui somente para fazer discurso, mas para assumir compromissos”.
“Recebemos um país pior”
Para o candidato à Presidência, Eduardo Campos, o País que será entregue pelo atual Governo, é um país pior do que o que foi entregue pelos governos anteriores, desde o fim da ditadura militar. Campos afirmou que quando foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, durante o primeiro mandato do governo Lula (entre 2004 e 2005) ele e os ministros que o sucederam, também no mesmo governo, buscaram tratar a CT&I como política de Estado. Estava se referindo aos ex-ministros Roberto Amaral e Sérgio Machado Rezende, também presentes ao encontro na ABC.
O candidato discorreu sobre as principais metas que buscará cumprir, caso seja eleito presidente. Destacou os seguintes compromissos nas áreas de educação e CT&I: atingir a meta de investimento de 2% do PIB para o setor; recuperar o fundo CT-Petro para a área de CT&I; lutar contra a burocracia que entrava as atividades científicas, e pelo regime de compras diferenciado para aquisição de insumos e materiais necessários à pesquisa; valorizar e reativar o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), como principal fórum de diálogo entre o governo e os cientistas; criar câmaras técnicas no âmbito do CCT para exercer controle e dar transparência aos investimentos em CT&I; e antecipar algumas metas explícitas no Plano Nacional de Educação (PNE), como o estabelecimento do período integral para o ensino médio público em todo o País.
Ao final da apresentação de Campos, a presidente da SBPC, Helena Nader, que também integrou a mesa, afirmou que “de tudo que foi dito, acho importante salientar a necessidade de reativar o CCT, que de fato atualmente está sendo sub utilizado”.
Durante debate que se seguiu com os presentes, Eduardo Campos respondeu às perguntas que versaram sobre questões mais específicas, como parceria do Governo com as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), ameaça de desativação do portal de periódicos da Capes, mercado de trabalho para mestres e doutores, entre outros.
Comunidade científica cautelosa 
Os representantes da comunidade científica presentes ao debate com os candidatos a presidente e vice presidente da República, Eduardo Campos e Marina Silva, na ABC, se mostraram cautelosos ao comentar o debate.
Para o professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ex-ministro de C&T, Sergio Rezende, Campos mostrou ter uma noção muito clara das dificuldades. “Ele entende as questões que foram colocadas, não só porque foi ministro de Ciência e Tecnologia, mas porque tem uma capacidade de compreensão e de entrar no detalhe. Ele fala com detalhes sobre os assuntos que está tocando, é muito diferente do político comum”, observou.
Na análise de Rezende, Eduardo Campos está numa campanha muito difícil, mas acredita numa mudança de cenário quando a propaganda eleitoral começar no rádio e na tv. “Quando os debates começarem a intenção de voto nele vai aumentar muito. Se vai ser possível ele chegar ao segundo turno não sabemos, as dificuldades são muito grandes. O Brasil vai ganhar com essa campanha, ele também vai ganhar muito. Minha expectativa é de otimismo, um otimismo cauteloso”, disse.
Para Debora Foguel, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) os candidatos em véspera de campanha tem solução para tudo. “Eu tinha uma pergunta para fazer a ele, uma questão sobre as universidades, como eles pensam a universidade, mas confesso que desisti de perguntar, pois candidatos em véspera de campanha pintam o mundo de uma forma diferente, todos vão resolver os problemas da saúde, da educação”, analisou.
De acordo com ela um ambiente de debate não permite que se aprofunde nas questões mais sérias do País. “Para mim perde um pouco do sentido, as respostas acabam muito vagas, muito superficiais, não é uma crítica a ele, é uma falta de visão mais profunda das coisas. Me pediram para perguntar sobre a questão da carreira dos professores, mas eu já sabia a resposta: dobrar os salários. Detesto perguntar quando a gente já sabe o que vai ouvir, então acabei desistindo”, declarou.
2% do PIB para P&D
Já na opinião do físico Luiz Davidovich, professor do Instituto de Física da UFRJ e diretor da ABC, o candidato mostrou que tem conhecimento das grandes reivindicações da comunidade científica e acadêmica, em particular alcançar os 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. “Ele ressaltou também o papel, que nós consideramos como extremamente relevante, do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) como um fórum de discussão que reúne empresários, academia, governo sobre as grandes políticas de C&T sendo implementadas no País. O CCT anda bastante mal ultimamente, ele não tem sido solicitado, tem sido esvaziado”, afirmou o físico.
Segundo Davidovich, Campos falou também de questões importantes no âmbito da educação. “O que nós queremos, do ponto de vista da ABC, é que esses temas, essas questões fundamentais sejam ventiladas e estejam nos programas dos candidatos a presidente no horário eleitoral. Nós acreditamos que uma política correta de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação no Brasil aliada a uma política agressiva na área da educação de qualidade para todos os brasileiros é fundamental para o desenvolvimento do País”, disse.
(Fabíola de Oliveira e Edna Ferreira/Jornal da Ciência)