Exaustão? Adesão ao Fies cai 94% em 11 anos no Brasil e inadimplência chega a 60% dos contratos

São 1,23 milhão de pessoas com débitos no programa, dentro de um universo de quase 2,1 milhões que já estão na fase de quitação dos encargos. Na avaliação do presidente da SBPC e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, a queda no interesse ao Fies e o aumento da inadimplência envolvendo o programa têm relação direta com o período de crise econômica vivenciado no Brasil a partir de 2015

“Eu tenho arrependimento todos os dias de ter feito faculdade através do Fies, porque é uma dívida que hoje, para mim, é fora da minha realidade. Ela está no valor de R$ 162 mil e eu não consigo negociar.” O desabafo do bancário Bruno Soares*, de 28 anos, sintetiza o sentimento de milhões de brasileiros que viram o sonho da educação superior se transformar em um pesadelo a partir das dívidas adquiridas com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

O programa vive uma derrocada. Nos últimos 11 anos, houve uma queda de 94% no número de contratos formalizados. Em 2014, o Fies contabilizou 732.645 novos estudantes, número que caiu para 43.827 em 2024, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). A queda no interesse por estudantes é acompanhada por uma inadimplência recorde – na casa dos 60% – considerando apenas os acordos em fase de amortização. São 1,23 milhão de pessoas com débitos no programa, dentro de um universo de quase 2,1 milhões que já estão na fase de quitação dos encargos.

Formado em engenharia civil, Bruno, que pediu para ter a identidade original preservada, não conseguiu emprego na área de formação, o que dificultou o pagamento das parcelas do financiamento. “A minha prestação era no valor de R$ 1.292. Quando começaram a cobrar, eu fui ao banco no qual eu fiz o financiamento, e solicitei para ver se a gente conseguia renegociar para uma parcela que cabia dentro do meu orçamento, e eles não permitiram”, lembra.

Veja o texto na íntegra: O Tempo