Em entrevista à TV Brasil, na segunda-feira (3), o ministro Marcos Pontes sugeriu que o Brasil amplie a articulação para aumentar o investimento privado em ciência. A sugestão vem em meio ao corte de R$ 2,7 bilhões no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Para Ildeu de Castro Moreira, físico, professor e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a proposta é bem-vinda, mas outras medidas são necessárias para alcançar esse objetivo.
“Certamente essa é uma proposta importante, que ao longo de décadas, inclusive, tem sido tentada, mas não tem se conseguido adequadamente. Por quê? Primeiro pela ausência de políticas públicas que favoreçam isso. É fundamental que essas políticas sejam voltadas e estimulem essa atividade do setor privado. Isso deve envolver também a mudança de mentalidade do próprio setor empresarial, que tem de apostar mais no risco, na ciência, tecnologia e na inovação”, afirma Moreira em entrevista à Sputnik Brasil.
O presidente da SBPC salienta ainda que é necessário “mudar a mentalidade de gestores e legisladores” para que possam surgir políticas adequadas de incentivo à ciência. O professor lembra que o setor é importante para o desenvolvimento da indústria e também para atividades agrícolas.
“Um terceiro ponto é que o poder público tem que investir mais, ele está diminuindo no investimento e com isso o setor privado também não é motivado a fazê-lo. Então, é fundamental que o Estado brasileiro não reduza os recursos para ciência e tecnologia, mas aporte mais e estimule o setor privado a fazê-lo através de políticas públicas adequadas”, ressalta.
O presidente da SBPC enfatiza que o investimento na ciência é um diferencial para o desenvolvimento dos países e apontou que a falta de aportes financeiros do Brasil no setor faz com que o país fique para trás no cenário mundial.
Ouça ao podcast na íntegra: Sputniknews Brasil