O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) concederá à vice-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e professora Universidade de Brasília (UnB), Fernanda Antônia da Fonseca Sobral, o título de Pesquisadora Emérita. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 10 de maio, no Rio de Janeiro.
A distinção é concedida desde 2005 a pesquisadores brasileiros ou estrangeiros, radicados no Brasil há pelo menos 10 anos, como reconhecimento ao renome, junto à comunidade científica, e pela sua contribuição à Ciência no País.
“O objetivo do título de Pesquisador Emérito é reconhecer os grandes nomes da Ciência brasileira, com trajetórias consolidadas e um conjunto de obra cientifico-tecnológica de excelência. O histórico científico e acadêmico da professora Fernanda Sobral não deixa dúvidas de que sua trajetória como pesquisadora é merecedora desse reconhecimento”, afirmou o CNPq, em nota enviada ao Jornal da Ciência.
A entidade também reforçou o papel de Sobral na relação entre os atores políticos e científicos. “[Sobral] é uma referência na Sociologia, com contribuições importantes na gestão e na avaliação de políticas para a ciência e a tecnologia, incluindo a atual vice-presidência da SBPC. O CNPq tem muita satisfação em ter a oportunidade de prestar essa justa homenagem.”
Fernanda Antônia da Fonseca Sobral começou seu caminho acadêmico em 1968, quando entrou na graduação em Ciências Sociais, na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“Eu tinha muita curiosidade e queria saber o porquê das coisas. Eu queria saber o que estava por trás dos fatos que eu via na sociedade, ou seja, os conflitos e os interesses. Isso despertou a atenção para procurar as Ciências Sociais: descobrir realmente o funcionamento da sociedade, os mecanismos que a gente não vê na aparência”, conta.
De inquietação em inquietação, Sobral chegou à Universidade de Brasília (UnB), onde fez o mestrado em Ciências Sociais e o doutorado em Sociologia. Anos depois, passou de discente para docente, integrando o corpo de professores do Programa de Pós-graduação em Sociologia da entidade – programa onde ainda é colaboradora sênior. Em 2021, Fernanda Sobral foi reconhecida como professora emérita da UnB.
Para Sobral, não existe ciência sem sociedade. A sua visão fez com que ela participasse de diversos conselhos de entidades governamentais, de modo a debater a construção e a evolução da política científica no País.
Foi secretária-executiva da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS, 1995-1997); integrante do Comitê Assessor de Ciências Sociais no CNPq (1998-2000); pesquisadora visitante do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), de 2009 a 2011; integrou o Conselho Superior da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF, 2007-2010 e 2014-2016) e também foi membro do Conselho Consultivo da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, de 2016 a 2018).
Participou do Conselho da Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias, a Esocite, de 2017 a 2022, e do Conselho Superior da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), de 2018 a 2020. Na SBPC, foi conselheira da entidade em dois períodos (2005-2007 e 2015-2019) e vice-presidente também em duas gestões, de 2019 a 2021 e, recentemente, de 2021 a 2023.
“Fernanda Sobral merece plenamente esta homenagem de reconhecimento pelo CNPq, porque além de ser uma pessoa que se dedica profundamente à Ciência, é uma das pessoas da área de Humanas que melhor conhece Ciência e Tecnologia, tendo publicado vários trabalhos a respeito. É uma das poucas pesquisadoras e pesquisadores no Brasil a fazer a ponte entre as ciências Humanas, Exatas e Biológicas e a Tecnologia, e o trabalho dela tem também uma aplicação prática notável na sua atuação constante”, afirma o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro.
Enquanto se prepara para o recebimento do título, Sobral acredita que o País vive um momento de retomada da Ciência, e espera que este período inspire mais pessoas à carreira acadêmica:
“Eu acho que depois de todos os negacionismos por que nós passamos, eu tenho muita esperança que vamos ter um período melhor para a Ciência, em que se valorize o conhecimento científico de uma forma geral. Eu acho que Educação, Ciência e Tecnologia são os maiores vetores do País. Eu torço para que haja um apoio muito grande a essas áreas, porque é por aí que a qualidade de vida da população vai melhorar”, conclui.
Rafael Revadam – Jornal da Ciência